Seja lá qual for o problema que as pessoas têm com a solidão, eu não tenho. Ao menos, não com a solidão física. Dessa eu gosto muito e gosto mais ainda que seja respeitada. É quando a solidão deixou o nível físico para o emocional que eu busco o contato, o abraço, a conversa. Quando eu tô bem, quando meu coração está em paz, não tenho crise em ficar quietinha, assistindo a minha série preferida, mesmo que a tenha visto muitas vezes antes, lendo um livro desses que não foram feitos para pensar, mas para divertir. São pequenos prazeres. Eu cultivo muito isso.
Quando eu morava em Maringá, isso não era um problema, pelo menos, depois um certo tempo de convivência e de aprendizado. A Bianca (com quem eu morava) nunca invadia esses meus momentos, e quando ela batia na porta para perguntar se eu queria almoçar, ir ao shopping, ou seja lá o que fosse, e a resposta era negativa, não havia crise.
As pessoas têm medo de ficarem a sós e se depararem com o que há de pior: o buraco sem fim pelo qual, garanto, ninguém passa pela vida imune. Eu não posso dizer que nunca me senti no fundo do poço. Diria até que foram inúmeras vezes. Ouso culpar a psicologia, mais especificamente, a psicanálise por isso. Como a vida era mais doce quando eu ignorava tanta coisa...
Nos últimos meses, minha falta tem se mostrado com toda a força possível. Nunca senti tantas saudades do que passou. Uma amiga me disse que a minha vida tá em stand by e que quando isso passar e eu tomar um rumo certo, essa sensação vai mudar. Eu espero por isso de verdade, porque quero continuar gostando da minha própria companhia como hoje eu ainda consigo gostar.
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