a dona desse blog
é de uma teimosia absurda. além de ser psicóloga, é leitora, aspirante à escritora, filha, irmã, tia e amiga, é indecisa por natureza, não sabe fazer planos e deixa sua vida ser dominada por uma ansiedade que ela sempre achou que disfarçava bem. acha que todo dia é ideal pra questionar se suas ações estão certas, se está sendo justa consigo, se faz o que gosta (e por enquanto faz). é uma dessas pessoas que gosta da solidão da própria companhia mas não dispensa uma cervejinha com aquelas pessoas que sabem conversar, de preferência em um boteco bem boteco, porque estes servem as mais geladas.

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  segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Sobre saudade

O ano está terminando, e eu nem posso acreditar. Eu sabia que passaria rápido porque já faz muito tempo que não preciso mais contar os dias, naquela urgência tipicamente infantil. Quando eu era criança, todo fim de ano, nós viajávamos e ficávamos em algum hotel onde eu me esbaldava na piscina e nos mistos quentes e coca cola de garrafinha. Não é mesmo muito difícil ser feliz quando se é criança.

Hoje eu percebo que já nessa época existia muito do que eu sou hoje. Minha necessidade de previsibilidade, o gosto pelas coisas bonitas e arrumadas, o planejamento de itinerários, listas e que roupas usar em cada dia. Eu tinha uma imaginação tão fértil, mas tão fértil que mesmo os dias que antecediam as viagens já eram ótimos. Isso porque, para acalmar a ansiedade - já que hoje eu sei que se tratava de ansiedade - eu imaginava como seria, o que eu faria. E eu não precisava nem de ter amigos quando eu chegava nos lugares, porque sempre foi muito fácil fingir diálogos e arrumar alguém muito interessante para conversar, mesmo que fosse eu.

Eu sinto uma imensa saudade dessa época e, hoje ainda, me pego recorrendo à fantasia para acalmar os ânimos, a ansiedade e a saudade. A saudade é a presença de uma ausência, diz o Rubem Alves. Eu tenho tantas ausências. A maior delas é da pessoa que eu achei que seria tendo passado um ano da minha formatura. Tenho saudades dessa pessoa que esteve nas minhas fantasias. Hoje eu sou tão menos do que ela. Chega a doer.

Precisando me defender de alguma forma de tantas presenças ausentes, eu tenho me afastado. Sei disso e me sinto extremamente culpada (essa coisa de sentir culpa também me acompanha desde os tempos dos diálogos imaginários). Eu só gostaria que isso tudo pudesse ser entendido, e se possível, acolhido. Acho que preciso de tempo. Mas aí vejo que um ano já passou. Acho que preciso de força, e aí vejo que poucas pessoas conseguiriam fazer as coisas que eu faço. E aí já não sei mais o que é preciso fazer. Me sinto bem perdida. E aí outra ausência se faz presente: Ausência de uma época em que as preocupações eram outras. Saudade.

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  terça-feira, 11 de novembro de 2008
Sobre gente importante

Algumas pessoas são tão importantes que podem fumar em banheiros de ônibus em uma viagem de 9 horas; podem tirar seus sapatos e empestear o ambiente. Eu fico indignada. Mais do que indignada. Eu não posso julgar uma pessoa que não pode tomar banho todos os dias. Eu sei que muito mais gente do que penso não têm chuveiro, água quente e sabonetes da natura. Mas eu posso, ah posso, falar das pessoas que, não tendo tomado banho, não tendo trocado as meias por vários dias, tiram seus sapatos dentro do ônibus.

Não me importa se seus pés estão cansados. Eu estou cansada de um dia cheio de metrô, trem, van, aula, sono, refeições incompletas, gente mal educada. E eu uso talco anti chulé nas minhas sapatilhas, de modo que, não me sinto mal em tirá-las quando entro no ônibus. Agora, se eu imaginasse que meu pé estava fedendo, eu não tiraria, porque eu não me acho tão importante a ponto de fazer trinta pesoas conviveram com meu chulé.

Semana passada, na volta de São Paulo pra casa, o ônibus fedia tanto, mas tanto, que acordei. E pior: O fedor estava sentado do outro lado do corredor, quase ao meu lado. Ah, não tive dúvida. Na hora de parar para comer, cerca de 3 horas depois de sair de São Paulo, peguei meu celular, programei para tocar dentro de um minuto.

Quando tocou, fingi uma conversa pelo telefone em que alguém me perguntava onde eu estava, o que fazia e essas coisas. E eu contei que estava no ônibus, mas que a viagem estava péssima, porque um chulezento sem noção tirou os sapatos e empesteou tudo, e isso sem contar o cheiro de asa, contra o qual, não havia nada que pudesse ser feito (diferente da possibilidade de calçar os sapatos).

Foi uma idéia idiota. Mas surtiu efeito. Eu que tenho ódio de quem conversa ao telefone muito alto dentro do ônibus fiz exatamente isso. Em todo o restante da viagem, o ônibus ainda tinha cheiro de asa, mas de chulé não.

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  terça-feira, 4 de novembro de 2008
Sobre satori

"Satori significa entender, em japonês. É uma iluminação, uma expansão da consciência".

É a sensação de que por um instante, uma fração de segundo o tempo pára. Essa fração de segundo é sentida como se fosse uma eternidade, porque é o tempo suficiente para que se entenda tudo o que precisa ser entendido. Há três anos eu vivi um. Eu sei que essa história é velha e pode ter perdido a graça, mas para mim não. No último post, eu falava sobre a beleza das pequenas coisas e do quanto eu as valorizo, acho que comecei a fazer isso há três anos.

Naquele dia, lembro bem, eu esperava uma amiga pegar uma cerveja, meu copo cheio, e eu com a mão levantada, a borda do copo encostada no rosto, um gesto tão típico meu quanto mexericar no colar enquanto eu converso. Ele passou numa animação típica de quem sai com os amigos. Eu hesitei para cumprimentar, afinal, até ali, os outros encontros haviam sido tão inusitados. Mas ele parou, me olhou, eu olhei, abaixei rápido a mão, porque naquele instante em que tudo parecia parado eu entendi. Mal sabia eu que depois dali, tudo o que aconteceu foi um prolongamento daquele momento, o momento em que minha consciência se expandiu, e eu entendi o que tava faltando.

Se várias pequenas coisas não tivessem acontecido muitos meses antes, o satori não teria acontecido. E depois disso, eu consegui ver como se alinhavam pelo menos algumas delas, me levando na direção de tudo. Talvez a sensação de estranheza que eu senti na primeira vez que o vi, o receio que tomou conta, tenham sido os primeiros indícios da grandiosidade do que me aguardava. Naquele dia, eu fiz uma escolha. E eu continuo confirmando essa escolha.

Olha só onde eu fui amarrar a minha mula...

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