a dona desse blog
é de uma teimosia absurda. além de ser psicóloga, é leitora, aspirante à escritora, filha, irmã, tia e amiga, é indecisa por natureza, não sabe fazer planos e deixa sua vida ser dominada por uma ansiedade que ela sempre achou que disfarçava bem. acha que todo dia é ideal pra questionar se suas ações estão certas, se está sendo justa consigo, se faz o que gosta (e por enquanto faz). é uma dessas pessoas que gosta da solidão da própria companhia mas não dispensa uma cervejinha com aquelas pessoas que sabem conversar, de preferência em um boteco bem boteco, porque estes servem as mais geladas.

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  sábado, 27 de fevereiro de 2010
Sobre lembranças

No post passado escrevi que uma das conseqüências do êxito é a mudança. Ela acontece normalmente em mais de um espaço da vida e atinge, por uma questão de lógica, aqueles que estão mais perto e que mais importam. É perda de tempo, de energia, de sono e amor próprio desculpar-se e desejar que fosse diferente, porque voltar o filme é querer que coisas boas de agora desapareçam no ar.

Voltei a pensar sobre isso hoje, sobre as mudanças relacionadas aos êxitos, mas também sobre aquelas relacionadas aos fracassos que também nos atingem e atingem quem a gente ama. Não é todo mundo que lida como você com o sofrimento, o que é, no mínimo, uma das causas de afastamento e também de aproximação entre as pessoas.

Eu sinto de verdade. E todas as vezes em que disse que senti muito veio do fundo do meu coração. Muita coisa aconteceu na minha vida, nem todas estiveram sob meu controle, as que estiveram, me reservo o direito de ter escolhido e aceito o direito dos outros de não terem aceitado. Não vou me desculpar mais. Porque o tempo já passou e saudade daquele tempo eu sinto todos os dias.

Na minha vida, muitas são as pessoas especiais guardadas em lugares especiais do meu passado e que um dia acharam que eu valia a pena. E tenho ficado feliz em descobrir outras tantas que acham que eu valho a pena e ainda em redescobrir aquelas que entendem que, muitas vezes, quando a gente se afasta, é porque tem medo do sofrimento. Não é a melhor decisão. Freud disse que a gente precisa recordar, repetir e elaborar. Alguns erros eu espero já ter elaborado para não mais repeti-los. Ter me escondido no meu sofrimento, soando egoísta, é um deles.

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  sábado, 20 de fevereiro de 2010
Sobre êxito

Se lembra quando a gente chegou a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que pra sempre sempre acaba?

Ontem foi a colação de grau da última amiga minha que ainda estava na faculdade. Como eu, ela começou um curso e desistiu, apesar de ter levado um pouco mais de tempo para perceber que aquilo não era para ela. Mas ao contrário do que pode significar para muita gente, desistir não é necessariamente fracasso, pode inclusive ser a melhor forma de êxito, e tenho certeza que ela concorda comigo.

Quando eu me formei tinha vários planos. Não me desviei deles em nenhum momento, mas me desviei do caminho que eu tinha julgado ser o melhor para chegar lá, e foi um sofrimento abrir mão, nossa, como foi. Deve ser isso que os homens sentem quando não querem perguntar para ninguém como faz para chegar a algum lugar. É que a gente tinha certeza que sabia que por ali daria certo.

Tenho certeza que minha amiga não se arrepende por ter desistido da primeira faculdade quando chegou na metade do caminho. Ela nem se questiona se foi a coisa certa ter parado a nova faculdade no terceiro ano para ir ficar quase dois anos nos Estados Unidos, porque terminar o curso não era objetivo dela. Eu não sei exatamente quais são, mas sei que terminar um curso numa faculdade foi só um passo da realização desse ou daquele objetivo. E que nisso, ela teve muito êxito.

Ontem eu tive vontade de chorar. Fiquei na vontade e realmente não chorei. O que faz parte das minhas mudanças, me disseram uma vez. Eu que era uma chorona inveterada, hoje me emociono, mas não a ponto de todo mundo perceber. Fiquei mais durona. E nesse ponto, a minha opinião é que deu uma contrabalanceada e me sinto melhor assim. Não fiquei fria. Fiquei menos evidente e mais protegida, mais comedida em relação a muita coisa.

Isso faz parte do êxito e tem a ver com coisas que mudaram e que eventualmente tenham acabado. E isso dá um puta de um aperto no peito, porque nisso de ter êxito nas coisas, não dá pra evitar as mudanças. Tem sonho que fica pra trás, tem idéias que mudam de lugar, pontos de vista que já eram, novos que chegam. E tem gente que fica num lugar guardado no passado da gente. Lugar importante, lugar de destaque, mas que acabou. Eu tava vendo as fotos da minha formatura e aí entendi porque chorei tanto naquele dia. Era uma despedida de tudo, mais do que da faculdade, mais do que das amigas, mas de quem eu então julgava ser. E não é fácil despedir-se de quem a gente foi.

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  quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Sobre incertezas

Só na semana retrasada consegui ir ao cinema e assistir "Julie & Julia". Fiquei pensando sobre as incertezas, a dificuldade que diferentes possibilidades de escolhas nos colocam. "Quais são seus planos agora?", é uma das perguntas mais difíceis de serem respondidas e quando você não tem esta resposta, seja porque não encontrou o seu caminho ou porque a sua vida está acontecendo lá fora enquanto você faz os planos mais mirabolantes, a sensação é de mal estar. Eu deveria saber quais os planos? Nem sempre, desde que eu saiba qual o meu objetivo.


Quando você tem objetivos, dos mais simples aos mais complexos, é preciso percorrer um caminho. Pense em "O Mágico de Oz", quando a Dorothy é informada de que precisa encontrar o Mágico. O caminho dos tijolos amarelos aparece e os sapatos de rubi vão para os pés dela. Um caminho e um par de sapatos. Tudo o que a gente precisa para ir atrás dos nossos objetivos (além de persistência), e é claro, pessoas que nos acompanham e apóiam. O problema é que sem os objetivos os outros desistem da gente, eles se cansam.


Eu gostei do filme por vários motivos. Meryl Streep e Amy Adams representam apenas dois deles. Mas eu gostei da história de duas mulheres em busca de algo que lhes desse um sentido na vida. Gostei ainda de elas permitirem que outras pessoas as acompanhassem. E vendo esse tipo de história, e prestando atenção a várias situações da minha vida, fico muito brava quando vejo que algumas pessoas simplesmente são incapazes de perceber a importância desses companheiros, para se prenderem a outras coisas, que na imaginação tapariam buracos (é o que algumas pessoas fazem com a comida).


É muito triste ser aquele usado para tapar buracos do outro. É muito triste ser aquele que precisa dos seus buracos tapados usando o outro. Todo mundo precisa tapar seus buracos, não posso me esquecer disso, é justamente por isso, que os objetivos foram feitos e que sempre que um sonho é realizado, que um objetivo é cumprido, a sensação de alívio não dura uma eternidade, mas só o suficiente para admirarmos a nossa capacidade de conseguir. Quando isso termina, outro buraco se abre, e precisamos de mais. Ter objetivos faz com que a vida aconteça. Mas a gente pode estar muito ocupado fazendo os tais planos mirabolantes. As oportunidades escapam, porque masturbação mental não leva a nada. É preciso ir atrás da vida.

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  quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Sobre "uma cena dessas"

Peguei um circular para vir do shopping até a casa da minha amiga, no caminho, vi um rapaz com um bebê recém-nascido no colo, coisinha pequena, delicada, enrolada em montes de cobertores, bem quando o tempo em Curitiba abriu e o sol abafou, num dia que começou tão fresco. A uns três passos atrás estava a mãe, ou assim eu supus, que não deveria ter nem dezoito anos. O que chamou a atenção foi a expressão no rosto dela, séria, compenetrada. Fiquei curiosa para saber o que ela pensava naquele momento, e a expressão do rosto dela me deixou triste.

Eu nunca saberei o que ela pensava, mesmo que eu tivesse descido do ônibus e perguntado, porque o pensamento define a barreira do inatingível e do que é solitário por excelência. Ninguém, por maior que seja a afinidade, vai nos acompanhar aí. Logo depois, chegando no prédio, minha amiga tinha saído e esqueceu de deixar a chave. Desci para esperá-la na recepção e encontrei um chaveiro no elevador. Eu não pensei nada sobre aquele chaveiro, eu mal olhei para ele. Mas chegamos lá embaixo junto com uma ambulância do SAMU, e eu não tinha reparado que o chaveiro estava perplexo, até que ele falou para o porteiro que era muito difícil ver "uma cena dessas".

Depois que rapaz saiu o porteiro disse que um dos moradores, se trancou por dentro e a pessoa com quem ele morava, não conseguiu entrar, chamou um chaveiro e os dois encontraram o sujeito ensanguentado no quarto (o que o chaveiro chamou de "uma cena dessas"). Imediatemente fiquei abatida. Não com o pessoal do SAMU levando a pessoa na maca, porque quando isso aconteceu, eu já tinha subido e estava em casa, mas pelos pensamentos do protagonista de "uma cena dessas". Quais foram os pensamentos dele alguns segundos antes do que quer que tenha feito? A Simone de Beauvoir fala que o que mais nos incomoda diante do suicídio é justamente o que passou naquele coração logo antes. E o que me choca mais é o ponto de solidão em que aquela pessoa se encontrava.

Antes de tudo isso acontecer, andando no shopping sozinha, eu pensava no quanto é estranho não ter mais por perto uma pessoa com quem a gente se acostumou a conversar. E escrevendo aqui agora, pensei que essas coisas que me aconteceram hoje, eu teria com quem dividir, incluindo as reminiscências. Não é saudade, nem sentir uma falta específica e pontual, caso contrário, eu pegaria o telefone e resolveria o problema, mas é a brevidade da vida, a delicadeza dos laços e a realidade do fim que insiste em se impor diante de nós que gostamos de nos considerar imortais. É um tipo de nostalgia de alguma coisa que eu não sei o quê.

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