a dona desse blog
é de uma teimosia absurda. além de ser psicóloga, é leitora, aspirante à escritora, filha, irmã, tia e amiga, é indecisa por natureza, não sabe fazer planos e deixa sua vida ser dominada por uma ansiedade que ela sempre achou que disfarçava bem. acha que todo dia é ideal pra questionar se suas ações estão certas, se está sendo justa consigo, se faz o que gosta (e por enquanto faz). é uma dessas pessoas que gosta da solidão da própria companhia mas não dispensa uma cervejinha com aquelas pessoas que sabem conversar, de preferência em um boteco bem boteco, porque estes servem as mais geladas.

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  quinta-feira, 31 de julho de 2008
Sobre viagens de ônibus

Elas têm sido minha rotina desde março. Nesses meses vi muita coisa engraçada, muita coisa inusitada e muita coisa comum.

Uma das mais comuns, podem acreditar, é pessoa que senta na poltrona de outra, e quanto esta chega, pergunta se ela não se importa. Acho isso o ó e não permito NUNCA. Se eu escolhi a 17, nem a 35 e nem a 3 vão me satisfazer. Eu já fui mais xiita em relação a corredor também. Tem muita gente que compra a passagem no corredor e quando entra, senta-se onde? Na janela. Mas deixo pra lá porque aprendi que corredor facilita o sono (dá pra sentar encolhida na poltrona, o braço ergue e você coloca seus joelhos embaixo) e se você sentir sede, não tem que acordar ninguém. Descobri também que quando os motoristas ligam o ar quente, na janela, você quase morre assado.

Então, sempre que vou à São Paulo, compro corredor. Se você comprar uma poltrona no corredor com a da janela vazia, a menos que não haja outras opções, as pessoas não escolhem aquela. Isso porque todo mundo que viaja de ônibus, quer viajar sozinho. Uma vez vi uma moça que queria viajar sozinha. Não foi o que aconteceu e, obedecendo à máxima "tá no inferno, abraça o capeta", ela e moço que se sentou ao lado resolveram trocar beijinhos e carinhos durante a viagem.

Outra coisa típica: todo mundo que viaja com criança, quer pagar uma só passagem e torce para que tenha lugar a mais. Nesse caso, a pessoa que está ao lado nunca quer ficar ali. Eu entendo, porque, dependendo do tamanho do rebento, é ruim pra todo mundo. Eu só viajei uma vez com uma senhora com um bebê de colo, e ele foi dormindo a viagem toda. Mas coloque uma criança de um ano no colo por 9 horas e veja o que acontece.

Velhinhos nos ônibus adoram comprar a poltrona 1, 2, 3 e 4. Note que dificilmente alguém de vinte e poucos anos escolhe esses lugares. Sempre que peço pro meu pai comprar a passagem pra mim, ele escolhe a 5. Eu nunca tive a coragem de dizer que prefiro a 17, mas enfim, o que acontece é que quando eles não conseguem essas poltronas eles ficam perdidos. Às vezes, compraram a 35 e começam a olhar os números, com os olhos apertados, desde lá na frente. Eu sempre ajudo, uma porque fico com dó, outra porque eles trancam o caminho. Uma coisa certa é que quando a gente fica velho, esquece que tem gente bem impaciente (tipo eu), tentando passar.

Agora os que me provocam ódio de morte são os caipiras. Caipiras viajam pouco de ônibus, sentam nos lugares errados e tiram os sapatos muito fedorentos. Dificilmente eles não carregam consigo o saco de alguma coisa fedida e barulhenta para comer. De tudo, o sapato é o pior. Ninguém merece sentir aquele chulé que já secou e molhou umas dez vezes.

Claro que existem coisas piores: vômito, cheiro de número dois (wtf), comida no chão. Mas nas minhas viagens, as coisas que eu contei antes são as que mais se repetem. Com o tempo, muito tempo, você começa a levar as coisas na esportiva. Para isso, nada melhor do que música, livro, palavras cruzada, sudoku e sono.

Eu poderia falar ainda sobre os infelizes que chutam as costas da poltrona, ou sobre os que não fecham a cortina quando o sol está indo no rosto das pessoas. Poderia falar sobre os filmes terríveis que já vi ou sobre quando o motorista deixa o som do rádio ir pro resto do busão. Viagens de ônibus são um saco. Mas sempre tem como torná-la mais interessante. Observar espécimess, é um desses jeitos.

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  domingo, 27 de julho de 2008
Sobre dez coisas que eu odeio em você

De longe o filme que eu mais assisti na minha vida. Quando eu tinha 17 anos, passava na HBO, eu gravei e sempre que estava sem nada pra fazer, o que não era raro, assistia. Outro dia, passou na Globo e eu assisti de novo. Antes de ontem passou na TNT, eu minha irmã e minha sobrinha vimos (é muito engraçado ver a Fernandinha cantando I love you baby). E hoje reprisou e, adivinhem, parei pra ver mais alguns pedaços, porque né?

Por causa de Dez coisas que eu odeio em você eu comecei a ler Simone de Beavoir e Shakespeare. Vão dizer que isso não é uma grande contribuição? Shakespeare não me apaixonou, mas se eu pudesse escolher uma pessoa que não conheci pra conversar, Simone de Beauvoir, seria a primeira da lista.

Mas a coisa que eu mais gosto no filme (além do Heath Ledger e da trilha sonora) é o poema. Aposto que eu sou capaz de fazer uma lista com dez coisas que eu odeio em cada pessoa que eu amo. Em algumas delas, eu poderia fazer uma bem maior. Mas todo mundo sabe que onde há ódio, há amor. Quando a gente se apaixona, não consegue enxergar essas coisas, só quando a empolgação diminui. Mas é engraçado quando você começa a prestar atenção nos defeitos antes de amar.

Quando conheci o meu namorado eu achei ele o cara mais esquisito do mundo e procurei manter uma certa distância. Até hoje não sei exatamente o quê, em um dia específico, me fez deixar de lado esse fato e ficar com ele. O palpite é que eu estava decidida a me apaixonar, coisa que nunca tinha acontecido de verdade e, aos vinte e poucos anos, faz falta.

Uma megera domada não é a definição que muitas gostariam de ter. Quem não me conhece direito, e por isso nunca conseguiu me domar, pensa que eu sou uma infamous bitch. Grosseira, antipática, de poucas palavras (doce ilusão), fechada e teimosa são alguns dos adjetivos pelos quais já soube ter sido chamada. Numa moldura clara e simples não sou aquilo que se vê.

Minha família me domou há tempos. Minhas amigas todas me colocam no bolso. Meus sobrinhos eu nem preciso falar. Meu namorado descobriu como em uma semana. E se eu fosse emprestar da Kat o poema para dar de presente a ele, só mudaria your big dumb combat boats por your all star's (sempre afirmei que preferia os vans):


I hate the way you talk to me
and the way you cut your hair.
I hate the way you drive my car,
I hate it when you stare.

I hate your big dumb combat boats,
and the way you read my mind.
I hate you so much, that it makes me sick,
And even makes me rhyme.
I hate the way you are always right.
I hate it when you lie.
I hate it when you make me laugh,
even worse when you make me cry.
I hate it when you are not around,
and the fact that you didn't call.

E a parte mais importante, tcharaaaam:

But mostly, I hate the way I don't hate you,

not even close,
not even a little bit,
not even at all.

PS: Liguei para ele quando eu tava terminando de escrever, ele tava indo pra balada, e perguntou se eu estava escrevendo sobre "como fazer a sua namorada te odiar em um fim de semana". Achei engraçado, mas nada surpreendente o fato de ele quase ter adivinhado o tema do post.

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  sexta-feira, 25 de julho de 2008
Sobre lugares que deixam saudades

Nos últimos dias antes da formatura, parei e vi. Vi gente, prédios, a cidade, a UEM. Adorava passar de carro no fim da tarde, quando as pessoas que passaram o dia lá estavam indo embora e as que passariam a noite, chegavam. Era bonito. Maringá é muito bonita e isso vai além das árvores e ruas planejadas. É o lugar com o pôr-do-sol mais alaranjado que eu já vi. É o lugar em que você sente as estações do ano passando pela quantidade de gente que fica na parte descoberta do bar. Gosto tanto que, pra mim, mesmo debaixo de um temporal ela é linda.

No ano passado, caiu um dos feios. Eu tirei uma foto para mostrar como o céu ficou lindo e assustadoramente vermelho. A terra subiu com o vento e provocou um dos efeitos mais fabulosos que eu já vi. Gosto tanto desses paradoxos: como a força da natureza pode ser duas coisas tão grandiosas, violenta e maravilhosa.

Assim é o amor que eu sinto pelos anos que eu passei lá. Quando me lembro, um turbilhão tão arrasador quanto aquele céu vermelho de poeira se forma dentro de mim. (e ouço gritos parecidos com os das pessoas explodindo no meu peito). A vontade de voltar correndo é grande. Essa semana eu experimentei Maringá sem a UEM. É esquisito, mas descobri que ainda vale à pena. É gostoso sentir o calor, tomar capuccino gelado e passear pelas lojinhas. É gostoso sentar no bar e tomar cerveja na mesa da calçada e encontrar conhecidos que param e conversam com você. É ótimo reencontrar partes do meu coração que deixei espalhadas em alguns lugares do mundo.

Uma grande ficou em Buenos Aires, a cada dia que passa, me convenço que não poderia ter deixado em melhores mãos. Outra enorme ficou em Maringá. Eu já comecei a deixar outro pedaço em São Paulo. Sempre fui assim, de me apaixonar pela pessoas e os lugares. Dói bastante, assim como dói para uma mãe quando o filho nasce. Essa é uma culpa que ela carrega pra sempre. Quem é capaz de entregar um bebê a isso tudo que a gente vê?! A dor que eu carrego é parecida. Como entregar tanto amor assim?

Penso que é a única maneira de viver. É quando a gente descobre que conhecer é dizer adeus, inevitavelmente:

E assim chegar e partir são só dois lados da mesma viagem.
O trem que chega é o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação é a vida.

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  sexta-feira, 11 de julho de 2008
Sobre o primeiro

O primeiro a gente nunca esquece.

Deve ser verdade, porque hoje, mais de dez anos depois, vi um moleque no supermercado e a primeira coisa que lembrei foi: este é meu primeiro beijo. Não que eu o tenha reduzido a um beijo, até porque, na verdade, foram dois. Era maio, um frio absurdo, nós dois numa churrasqueira aberta no clube, sentados no chão, estava tocando "Preciso de você" do Netinho (que na época fazia sucessso com Mila). Demos um beijo, não trocamos uma só palavra durante uns 10 minutos, quando ele quebrou o silêncio e disse: Quer dar mais um beijo?

Eu morria de vergonha, assim como morria de vergonha de contar que tinha "virado mocinha". Odiava essa expressão e ainda acho ridícula. Fui a última da turma, tinha quase 14 anos e me sentia um ET por causa disso. Lembro o primeiro dia com data e tudo: 21 de abril de 1998. Não é difícil, ainda mais por ser uma data comemorativa (Tiradentes, gente). Mas o que eu não esqueço mesmo é a vergonha que eu senti. Para contar pra minha mãe levei uns três dias. Não reunindo coragem suficiente, escrevi um bilhete, pedindo pra ela não contar pra minha irmã do meio (que tornou a minha infância e pré-adolescência mais constrangedoras do que poderiam ter sido). Minha mãe chorou com a tal cartinha. Por carta, contei também para as amigas. Uma delas disse que foi a carta mais misteriosa que ela leu, e que teve que adivinhar a que eu me referia.

Eu poderia escrever um livro sobre as minhas primeiras vezes. Esse ano tem sido o ano delas . A primeira vez que eu fui pra São Paulo, a primeira vez que eu pintei uma parede, a primeira vez que eu tive que fazer escolhas como adulta, arcando com as consequências, e sofrendo na pele o que é isso. Eu fico pensando que se eu tiver filhos não vou deixar a vida deles ser tão fácil como foi a minha. Talvez por meus pais terem tido vidas difíceis facilitaram comigo e com as minhas irmãs e criaram três filhas que tem uma certa dificuldade para crescer. Ou talvez isso seja típico da nossa geração.

Esse é o ano em que eu decidi que precisava começar a viver a minha vida e a ser responsável por ela. Esperar o próximo, seria a mesma coisa que dizer que semana que vem eu começo o regime, nunca dá certo. Não acredito nessa história que recém-formado tem que fazer o que aparecer. Em qualquer momento da vida, temos que fazer o que nos move de verdade em alguma direção, caso contrário, é uma enganação dupla. Você se engana e engana os outros.

Nessa semana eu consegui meu primeiro emprego. Hoje, pela primeira vez fui chamada (seriamente) de professora. Também hoje, minha cabeleireira encontrou em mim um fio de cabelo branco, arrancou e me deu. Eu fiquei olhando pra ele estarrecida e disse pra ela que ele era descolorido e não branco. Como nessa vida alguém sempre precisa devolver o nosso senso de realidade, ela me mostrou como ele era branco desde a raiz, e que os descoloridos, não. Guardei esse fiozinho, ele é bem curto. Vai ver porque tem mais ou menos a idade da minha vida adulta. Acho que não esquecerei dele também.

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  terça-feira, 8 de julho de 2008
Sobre Sex and the City

Comecei a assistir Sex and the City no natal do ano passado, quando a minha irmã ganhou todas as temporadas. Quando ela começou a assistir (em 1999), eu tinha uns 14 pra 15 anos. Acho que hoje em dia, meninas dessa idade até gostam da série. Mas eu era realmente uma pirralha e gostava de coisas de pirralha. Vivia entre a casa das amigas e a minha, passando pela escola e curso de inglês. Nos fins de semana, precisávamos convencer o irmão mais velho de alguém para assinar de responsável na balada e essa era minha vida.

Gostar de Sex and the City é se identificar. Eu não moro numa grande metrópole, nunca morei. Não me imagino gastando 458 dólares em um sapato, não importa quão maravilhoso ele seja. Não faço a menor idéia de quanto custa um vestido de noite da Dior, apesar de ter me apaixonado por um que vi na internet no ano passado (queria fazer um igual, mas nenhuma costureira se aventurou comigo). Também não penso ser possível comprar essas coisas tendo como renda o salário por uma coluna semanal e os direitos autorais de um livro que é compilação dessas colunas.

Mas preciso dizer: acho chato demais as pessoas que não gostam usarem estes argumentos. Porque eles são detalhes, formam o cenário, o pano de fundo de uma coisa muito mais bonita e muito mais fácil de se identificar. De fato, duvido que um dia eu calçarei um Manolo ou comprarei o vestido de noiva maravilhoso do Christian Lacroix que eu vi no filme, mas tenho amigas que se transfomaram na minha família e eu já me apaixonei.

As duas coisas aconteceram em Maringá. Sempre tive, e tenho a sorte de ainda ter, amigas maravilhosas na minha cidade. A maioria eu conheço desde que éramos criancinhas e me considero privilegiada por isso. Mas, quando você sai de casa, aprende a confiar, contar, amar e se preocupar com pessoas que, muitas vezes, foram criadas de uma forma diferente, andavam com gente que talvez você não cogitaria gostar, e mesmo assim, alguma coisa faz com que vocês formem algo: uma amizade pra vida toda. Esse ano, tive pelo menos duas despedidas importantes: a primeira, das minhas amigas, com a formatura; a segunda, do meu namorado, quando eu decidi seguir um caminho diferente do dele. As duas foram dolorosas. Explico porquê.

Conheci durante a faculdade essas meninas tão queridas. Meninas que cresceram e mudaram junto comigo nesses anos, que foram companheiras para tudo. Passando por porres e bebedeiras, colos e abraços apertados, cafés e pães de queijo, caminhadas em volta do parque, pastéis na feira, colchões no chão, ataques de loucura compartilhados e muita sinceridade. É isso que sustenta as amizades de verdade, sabem? A coragem de dizer coisas que não se escuta de qualquer um. Muitas vezes, são coisas que podem magoar. Mas o que caracteriza a amizade da Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda é justamente a certeza de que não é isso que coloca afetos a perder. Mas a falta disso.

Também nessa época, pela primeira vez me apaixonei por alguém a ponto de pensar que "depois de você, os outros são os outros" (bem piegas). Não sou uma fã de Kid Abelha, mas a música ilustra bem porque o Mr Big é chamado de Mr Big. Claro que vocês podem fazer várias interpretações, algumas até bem safadas, mas a minha essa: Mr Big, porque é the biggest love.

E claro que quem ainda não encontrou o seu, vai pensar que a Carrie é uma idiota de primeira linha. Tanto cara bacana, rico, bonito, cheio de amor pra dar e ela insiste no que não sabe lidar com sentimentos, não quer assumir compromissos e não consegue admitir que ela é the one? Burra, néam?

Que nada. Apaixonada de um desses jeitos que eu sinceramente duvido que aconteça mais de uma vez, quem sabe duas. O problema do Mr. Big é que ele precisa de tempo. Não é uma questão de ficar esperando por essa decisão enquanto a vida passa. Nada disso. Ela não espera. Mas uma questão de perceber o que a própria vida não pára de colocar no seu caminho. Há coisas que têm que ser. Antes que elas sejam, viva, pelo amor de Deus. Porque caso contrário, o arrependimento vai ser inútil.

Se me perguntarem se eu estou contente com o modo como a minha vida se desenrolou até aqui, sem tirar nem pôr, responderia prontamente:

- Abso fuckin lutely

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  sábado, 5 de julho de 2008
Sobre felicidade e baldinhos de praia

Existe uma coisa que não me cansa nunca: descobrir algo novo que me deixe um pouquinho mais feliz. Um filme, uma música, um livro, um show, uma roupa nova.

Ontem comecei a escrever a respeito desse tipo de felicidade mas parei, porque comecei a lembrar de uma menininha de uns sete anos que eu vi descendo do ônibus sem sapatos, num dia incrivelmente frio em que cheguei na rodoviária cinco horas da manhã. Esse é um dos exemplo de coisas que não têm que ser. Chego à conclusão que dois dos jeitos de se conviver com isso são: (1) ser completamente egoísta e não se comover mesmo, ou (2) viver uma realidade psicótica, em que a culpa aparece de vez em quando e você doa um agasalho e quinze reais para o Criança-Esperança.

A vida toda eu me inclui na segunda categoria. Porque é mais fácil sentir-se incrivelmente satisfeito ao chegar em casa, comer um macarrão à bolognesa, tomando coca-cola e assistindo à série preferida, esquecendo de tudo que acontece da porta pra fora. Problema mesmo é achar que não tenho nada a ver com isso. Algumas pessoas se enfiam na selva, na favela, na guerra e tentam fazer alguma coisa. O mais engraçado é que esses chamamos de loucos, justo os que têm noção de responsabilidade e tentam mudar o que for possível.

Isso tem me incomodado muito. A tal ponto que é difícil escrever sobre o que me faz sorrir, pular e cantar. Me sinto fútil e inútil. Eu nunca fui uma grande fã de ONGs e já tive contato direto com várias e experiência de estágio em duas. Elas me fazem lembrar, muitas vezes, uma história, pela qual vocês já devem ter passado.

Quando eu era criança, o que eu mais gostava de fazer na praia era brincar na areia. Eu lembro bem, fazia aquele buraco enorme que seria a minha piscina (hoje os pais levam piscinas pros filhos, porque eles podem se contaminar, sabem como é). Depois do buraco pronto, hora de reunir baldinhos e garrafinhas para enchê-lo. Despejava a água e ia correndo buscar mais. Que decepção! Quando eu voltava, cadê a água?

Há algumas semanas eu fui convidada para trabalhar em uma ONG. Ela existe há catorze anos, e é um centro de nutrição infantil. E eles gostariam que eu fizesse um trabalho com os pais, fazê-los pensar sobre a infância, o cuidado, alimentação. E aí eu fico pensando que, se de um lado, tenho me sentido muito incomodada e responsável, poderia começar pela minha cidade, por outro , eu tenho medo de me ver na mesma situação do buraco e do baldinho de água, porque eu, com toda a minha formação clínica, não sei onde é que entra a psicologia quando o maior problema das pessoas é fome.

A solução do problema do buraco foi pedir para a minha irmã, meu primo e meu pai me ajudarem e pegar água; nós despejávamos ao mesmo tempo o suficiente para encher a piscina. É verdade que se não continuássemos o abastecimento, o buraco secava, então, apenas um poderia aproveitar para ficar ali por vez, enquanto os outros corriam para o mar, baldinhos em mãos. Talvez seja esse o diferencial de uma ONG e outra: a quantidade de pessoas que não se importam em correr pro mar para trazer mais água.

O que me entristece é que a criança que tem a piscininha inflável (que a mãe enche com água mineral), nunca vai chegar à conclusão que eu cheguei.

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  quarta-feira, 2 de julho de 2008
1 Sobre as origens.

Não às minhas, mas às do blog. Aconteceu mais ou menos assim:

Há três anos tenho um live journal. Gosto muito dele, mas as coisas começaram a mudar. As pessoas de sempre pararam de escrever e outras começaram. Tudo ótimo, não fosse o fato de que eu tenho quase 24 anos e comecei e me sentir uma tiazona no meio das festas e bebedeiras do pessoal mais novo. Se eu não gostasse de acompanhar, não leria, não comentaria, mas já passei por essa fase - e passei com propriedade, as histórias são várias e memoráveis - mas me sinto velha, especialmente quando me pego fazendo comentários do tipo eu já passei por isso. Comecei então a pensar em ter um blog que meus amigos que não tem lj possam ler.

Não que eu vá deixar o pride can hurt de lado (é o nome do meu lj), afinal, eu não preciso de mais uma despedida dolorosa esse ano. Mas gosto de começar coisas novas, até porquê, depois de três anos escrevendo, aprendi a lidar com esse meu orgulho que machuca e hoje ele não me controla mais.

Já terminei o colégio, passei no vestibular, não gostei do curso, fiz cursinho, passei no vestibular outra vez, fiz faculdade e me formei. Entre cada um desses acontecimentos desenrolaram-se muitas histórias, cada uma com personagens que são, na minha opinião, os melhores, tenham desepenhado eles papéis de amigos, inimigos, ou as duas coisas. E isso leva-me a contar o porquê do nome "Tem que ser".

Pareço uma adolescente sonhadora e poderia ser aconselhada a parar por aqui. Mas essa é uma das minhas marcas registradas (e tenho dito). Gostar de mim é amar o fato de que por mais ferrada que eu esteja, eu vou procurar o lado bom da situação, nem que seja o crescimento que isso me proporcione (o ângulo mais bonito). Sonhadora eu sou desde criança e nem os estágios mais avançados do meu mau humor adolescente conseguiram arrancar isso de mim. Muita coisa nessa vida tem que ser. Muita coisa na minha simplesmente é.

E alguém vai dizer que se eu tivesse escolhido Psicologia desde o começo as coisas hoje não estariam completamente diferentes? Em primeiro lugar, eu não teria escolhido UEM. UEL e UFPR eram as opções. E isso significaria rebobinar a fita (porque eu sou desse tempo) e reinventar uma vida. Que difícil! Acredito no es muss sein, no tem que ser, acredito que as pessoas se encontram, se amam, se odeiam, tornam-se indiferentes umas às outras porque a alma de uma, fala com a alma da outra. É aí eu chego na parte em que eu conto que, além de psicóloga (o que já provoca reações interessantes), eu gosto mesmo é de psicanálise e por isso do determinismo inconsciente.

Isso não significa que eu pense que não exista liberdade e autonomia. Sartre dizia que uma coisa é o que fizeram com você. E outra, é o que você fez com o que fizeram com você. Por isso, apesar de eu ter certeza que existem razões muito anteriores levaram à criação desse blog, sou eu quem decide o que vai ser feito com as histórias que colocarei nele. Ele se trata disso: do es muss sein, do que tem que ser, seja lá porquê.

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  terça-feira, 1 de julho de 2008


oi gezoca!
layout está pronto. espero que esteja do seu agrado. e se não tiver, azar o teu porque vai ficar assim mesmo.
e se reclamar coloco um layout do RBD, hahahah.
:*

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