a dona desse blog
é de uma teimosia absurda. além de ser psicóloga, é leitora, aspirante à escritora, filha, irmã, tia e amiga, é indecisa por natureza, não sabe fazer planos e deixa sua vida ser dominada por uma ansiedade que ela sempre achou que disfarçava bem. acha que todo dia é ideal pra questionar se suas ações estão certas, se está sendo justa consigo, se faz o que gosta (e por enquanto faz). é uma dessas pessoas que gosta da solidão da própria companhia mas não dispensa uma cervejinha com aquelas pessoas que sabem conversar, de preferência em um boteco bem boteco, porque estes servem as mais geladas.

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  domingo, 31 de maio de 2009
Sobre tristezas e dias cinzas na praia

Dias cinzas são deprimentes. Faz quase uma semana que eu não vejo um céu azul e a minha vontade é a de ficar escondida no meu quarto sem nem conversar. É tão gostoso. Só que a vida não deixa, e aí você se arruma, aproveitando que o inverno é aquela época do ano em que as pessoas são mais chiques.

Mas quando você se sente muito triste, mas triste mesmo, poucas coisas simbolizam melhor isso do que um dia chuvoso e frio na praia. Um dia em que o vento é forte e gelado, e não tem ninguém mais ali, ou pouquíssimas pessoas. Quando calha de a tristeza acontecer justamente num dia desses, pode parecer melancólico, mas eu sou a favor de pegar uma cadeira, um cobertor, e sentar ali, por horas a fio pra pensar na vida.

As pessoas normalmente tem medo de pensar na vida. Não tiro a razão, porque não é fácil mesmo. Mas quando a situação tá do tipo eu sou a mosca do cocô do cavalo do bandido, ficar olhando um mar bravo, num dia cinza, numa praia deserta, consegue fazer a gente entrar em contato vendo fora a tempestade que acontece dentro, do mesmo modo que, quando você está feliz, percebe essa felicidade só por apreciar um pôr do sol na praia.

É bonito e é triste isso. Mas de alguma forma, apesar de ter tido poucas oportunidades, sempre me ajudou a clarificar as idéias e a não sentir tanta angústia diante da tempestdade que vem de dentro. Dias nebulosos também convidam a gente pensar, deve ser por causa dessa vontade de ficar quietinho, em silêncio, assistindo televisão, sozinho. Mas é bom pensar. Ruim é deixar embaixo do tapete.

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  quinta-feira, 28 de maio de 2009
Sobre espírito de farofeiro

Essa vida de pessoa que viaja de ônibus todas as semanas me proporciona identificar de longe alguns personagens. Um dos mais detestáveis (minha opinião) é o farofeiro, que só não perde para o roncador.

É muito simples identificar um farofeiro, basta observar a plataforma de embarque. Normalmente ele carrega muita coisa, a mala, se houver mala e não montes de sacolas, é daquelas que parecem uma geladeira. Eles são folgados ao extremo porque não interessa se você está ali, parado esperando a sua vez para entrar no ônibus, depois de terem despachado a mudança, eles se enfiam na sua frente, sem nem olhar e vão entrando.

Com olhos apertados, procuram a poltrona e quando encontram, cuide-se se você estiver sentado em frente, porque é inevitável: eles vão se pendurar no seu encosto, e na hora de baixar o suporte para os pés, vão dar pancadas e pontapés nas suas costas e te incomodar por pelo menos meia hora, até se ajeitarem, isso se não ficarem todo o percurso com os pés ali, numa atitude de muita boa educação.

Se estas dicas não forem suficientes, o observador mais relapso não pode deixar escapar a pista perfeita: na hora da parada, mesmo que esta seja de 30 minutos, o que é tempo suficiente para comer pelo menos umas cinco coxinhas, eles sempre vão trazer a dita cuja para dentro do ônibus, que vai ficar empesteado com aquele cheiro rançoso de gordura velha e frango desfiado. Agradeça se a escolha for a coxinha, porque se sua viagem for durante o dia, e a parada acontecer na hora do almoço, uma marmita SEMPRE aparece.

No fim das contas, é melhor sentar nas poltronas perto de banheiro, porque os farofeiros preferem as poltronas da frente. Fica a dica.

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  domingo, 24 de maio de 2009
Sobre a solidariedade feminina

A cena é típica: um banheiro de balada, um grupo de meninas e, no centro da roda, uma delas chora. O motivo também é invariável e quem já passou pela situação se compadece.

Ontem eu saí e presenciei um episódio assim e fiquei comovida. Uma menina, muito bonita, bem arrumada, bem maquiada, com um vestido lindo, ela chorava, as amigas em volta falando coisas em voz baixa, que não consegui escutar, mas que já imaginava o que eram. Uma delas tinha um papelzinho nas mãos, enxugava as lágrimas com delicadeza, tomando o maior cuidado para não borrar a maquiagem dela.

Essa cena me lembrou uma de "Ensaio sobre a cegueira" em que as mulheres lavam o corpo de uma companheira que morreu naquela parte do filme, uma das mais chocantes, em que os homens trocam comida e água por sexo. É comovente ver como as mulheres podem ser confiáveis.

Eu sei que nem todas, mas confio nas minhas amigas. Quando aquela menina do banheiro chorava, perguntou como estava rosto dela, se olhando no espelho, enquanto eu lavava as mãos. Eu não falei nada, mas dei um sorriso de apoio, do tipo "tá ótima, força na peruca". Uma desconhecida saiu da cabine e falou que ela tava linda e que não valia a pena.

Esse companheirismo que faz com que as mulheres mais desconhecidas se apóiem me comove bastante. É besteira, eu sei. Mas eu já tive que chorar no banheiro, e eu já tive esse apoio das amigas e das desconhecidas.

Ontem eu estava com as minhas amigas mais antigas, essas com as quais eu continuo podendo contar e que falam da minha "falta de tempo" com admiração, sem cobranças. Eu tenho uma sorte grande nisso tudo. Sempre tive alguém com o lenço em mãos, pronta para enxugar as lágrimas e eu sempre carrego um pacote deles na minha bolsa, para qualquer emergência.

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  sábado, 9 de maio de 2009
Sobre balas de caramelo

Recentemente eu descobri que esqueci de coisas importantes sobre a minha infância. Esqueci do tempo em que a minha avó morou na minha casa. Em todas as lembranças que eu tenho dela, na casa que morei antes dos 6 anos, ela estava sempre visitando, mas na verdade, a maior parte desses anos, ela morou lá.

Minha irmã disse que no dia que a levamos para morar com a minha tia, eu e ela voltamos chorando no carro, agarradas a uma blusa da vó por uns cem quilômetros. Disso eu também esqueci. Do que eu lembro, e disso lembro muito bem, é do nó da garganta que formava na hora de ir embora todas as vezes que eu ia visitá-la, ou que ela vinha. Lembro também de que alguns minutos antes, ela desaparecia, e que muito cedo eu entendi que esse sumiço repentino servia para que algumas lágrimas caíssem sem que ninguém as visse.

Eu também lembro de que minha avó costumava ter sempre na bolsa um pacote de balas de caramelo. Daquelas com a embalagem transparente no meio e com as bordas listradas em azul e branco. Essas balas ela costumava chupar na cama, até pegar no sono. De tão doces que elas eram, às vezes, ela precisava levantar para buscar um copo de refrigerante.

Minha avó usava brincos de pressão porque tinha um lóbulo rasgado por causa de um brinco pesado demais. Eu gostava de brincar com as bijuterias dela. Usava broches, colares e anéis. Gostava de comprar roupas e de usar as coisas novas logo. Eu me pareço com ela nisso. Gostava de ser "a velha mais velha" e já não se indignava com as coisas da vida, aceitava com naturalidade o que alguém nascido em 1914 não precisaria aceitar.

Minha avó tinha um cheirinho bom, um cheirinho de vó. Eu não sei se ela entendeu que eu estava lá, mas quando eu fui me despedir dela, eu disse que a amava muito, passei creme nas mãozinhas dela, já bem magrinhas, e disse pra ela ir e que tudo ia ficar bem. Desse nó na garganta eu também nunca vou esquecer e sempre que eu vir as balas de caramelo, vou lembrar dela.




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