Ontem uma amiga perguntou como eu estava e a resposta foi: bagunçada. Ela perguntou por quê, mas eu achei que seria difícil explicar. Dificuldade em organizar as ideias, as histórias e os contratempos, sempre eles, oferecendo um relato objetivo (coisa que nunca foi meu forte)
Mas a verdade é que quando a gente precisa contar pra alguém que tá toda bagunçada é porque quer, precisa ouvir algo. Caso contrário, seria mais fácil (e menos doloroso) dizer que tudo caminha bem, sem grandes novidades e que a vida resume-se a uma alternância cansada entre trabalho e casa, casa e trabalho, alternância esta que, de vez em quando, é invadida por alguma festa mais ou menos bem sucedida, de acordo com o dia, a banda e o humor.
E desta forma como eu conto, dá a impressão de que tudo é bem entediante. Eu, essa criatura que faz o que gosta, que gasta tempo e dinheiro comprando enfeites pra casa de boneca, que tem um monte de amigas, as de infância, as do trabalho, as da faculdade, e aquelas que foram surgindo nos intervalos.
"A vida é mais difícil do que isso". Afirmo a mim mesma, como que para lembrar que o primeiro passo para o desânimo são os olhos baixos. A vida é mais difícil do que eu poderia dizer quando reclamo de problemas explicáveis pela Quadrilha de Drummond.
A conclusão desse texto, que parece tão desorganizado quanto meus próprios sentimentos e impropérios internos dirigidos a sabe-se lá quem, é que a conversa com minha amiga de quem a saudade aproxima mais que afasta, me surpreendeu quando a resposta dela às minhas lamúrias é que a minha vida estava muito animada e que ela sentia falta destas crises, estas mesmas que me fazem sentir bagunçada.
Por isso, concluo dizendo que exagerar em relação ao tamanho destes meus problemas é que eu tenho pra hoje. E se fico triste, não é por depressão, mas por vontade da alegria que é minha e que me anima a continuar dançando.