a dona desse blog
é de uma teimosia absurda. além de ser psicóloga, é leitora, aspirante à escritora, filha, irmã, tia e amiga, é indecisa por natureza, não sabe fazer planos e deixa sua vida ser dominada por uma ansiedade que ela sempre achou que disfarçava bem. acha que todo dia é ideal pra questionar se suas ações estão certas, se está sendo justa consigo, se faz o que gosta (e por enquanto faz). é uma dessas pessoas que gosta da solidão da própria companhia mas não dispensa uma cervejinha com aquelas pessoas que sabem conversar, de preferência em um boteco bem boteco, porque estes servem as mais geladas.

livejournal
orkut
lastfm
twitter
facebook

links
ficadica
lentes coloridas
música de elevador
felicidade plástica
te amo, porra
um solilóquio
assopra tu
fuxicando sobre artes
luckyscars
e a vida, etc.
tofu studio
pipoca com cerveja
don't hesitate to hate
casa da chris
fina flor
fingindo dores
das minhas cores
que besteira
clarissa lamega
circulando por curitiba
terra da garo(t)a
just roll the dice
tantos clichês
I misbehave
vai melhorar, eu juro
superoito
sem pickles
um conto para narciso


passado
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
outubro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
abril 2010
maio 2010
junho 2010
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
outubro 2010
novembro 2010
dezembro 2010
janeiro 2011
fevereiro 2011
março 2011
abril 2011
maio 2011
junho 2011
julho 2011
agosto 2011
setembro 2011
outubro 2011
novembro 2011
dezembro 2011
janeiro 2012
fevereiro 2012
março 2012
abril 2012
maio 2012
junho 2012
julho 2012
novembro 2012
janeiro 2013
fevereiro 2013
março 2013
abril 2013
junho 2013
agosto 2013
setembro 2013
outubro 2013
novembro 2013
dezembro 2013
fevereiro 2014



  quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Sobre marcas do machismo

Quando você se depara com essa notícia, o que você pensa? Eu fico profundamente triste. Eu também fico revoltada, claro. Daí, alguém poderia me dizer que um cara desses merece apodrecer na cadeia, merece ser capado, enfim, merece muita coisa ruim, porque ele é a transfiguração humana da maldade. Certo?

Pois é. Se você me dizer isso, vou ser obrigada a discordar. Pelo menos em partes. E se eu sou obrigada a discordar é porque esse cara não veio trazido por um disco-voador que pousou aqui no nosso lindo e florido planetinha, todo cheio de pessoas boas, e largou o sujeito para matar uma moça que resolveu dizer pra ele que ele não tinha direito algum sobre ela.

Não, não. Esse homem, ele nasceu e cresceu aqui mesmo, sendo inundado pelos valores que eu e você também fomos. Aí, você pode me dizer que esse cara não tem nada a ver com você. Que você jamais mataria uma moça, que você, se homem for, sequer assediou uma mulher na rua, imagina, isso é coisa de homem tarado.

Então, eu te pergunto se algum dia você assobiou para uma mulher. Se algum dia, em uma balada, você, chateado, chamou uma moça com palavras não elogiosas porque ela não quis ficar com você, ou ainda, se você se aproximou dela por causa do tipo de roupa que ela usava. Algum dia na sua vida você conversou com seus amigos sobre mulheres e disse que pegou ou deixou de pegar? Como quem pega alguma coisa numa prateleira do supermercado? E se você for mulher, alguma vez você julgou uma amiga, ou não tão amiga assim, por causa da quantidade de caras com quem ela ficou, dos copos de cerveja que ela bebeu, ou ainda pelo comprimento da saia e profundidade do decote? Alguma vez você, sendo mulher, usou palavras pejorativas pra se referir a uma outra mulher?

Se você respondeu sim a alguma dessas perguntas (e eu garanto que eu também respondi),  você foi criado a partir dos mesmíssimos valores dessa pessoa que, diante da negativa e da frustração de alguém que se recusou a se deixar objetificar, se acha no direito de matá-la. Se você acredita que quem estava nas ruas no carnaval estava sujeito ao assédio e que mulher tem que ouvir, ignorar e ficar quieta, então, sinto dizer, parceiro, mas você ajudou esse cara a matar a moça. Uma moça de 21 anos, uma menina que foi capaz de se posicionar diante de alguém que pensava poder dominá-la. 

O problema, gente, é que ele pode. Pode porque a gente deixa. Porque é impossível que ninguém saiba quem é essa pessoa. E cadê as denúncias? Ele matou uma pessoa e a gente ajudou. A gente ajuda todo dia. Vamos ter que dormir com esse e com outros crimes do mesmo pacote. Mas esse pensamento de que mulher é coisa tá arraigado.

Pra mudar isso, leva tempo e mais gente vai perder a vida. Mas acho que tem um jeito de começar isso, devagar e sempre que eu deixar de julgar uma mulher, de usar termos pejorativos pra me referir a ela, independente se eu penso que o que ela faz é certo ou errado, a gente não tá nessa vida pra julgar ninguém. De valores morais o inferno está cheio. Sabe o que seria ótimo? Os pais pararem de ensinar meninos de 3 anos de idade a julgar mulheres na rua e as mães pararem de ensinar seus filhos e filhas que existem lugares de meninas e lugares de meninos. Deixem que cada um descubra o seu lugar.

[ 0 Comentários]
eXTReMe Tracker