Chega fim de ano e é sempre essa urgência não sei de quê. As lojas cheias e as ruas em que é impossível estacionar têm menos a ver com a vontade de presentear e mais com a necessidade de obedecer a um ritual que hoje me incomoda um pouco. Para mim, sempre é difícil me despedir. De qualquer coisa. Inclusive de um ano. A festa de ano novo é sempre triste e me soa mais de despedida que de boas vindas. Por isso sempre, sempre, dá vontade de chorar.
Sempre que posso me esquivo das despedidas. Deve ser por isso que, para mim, o tempo passa rápido demais e eu sempre tenho a sensação de inacabamento. É como se eu não conseguisse cumprir os ciclos, pegar esses rituais que são importantes e fazer com que eles cumpram sua função. É, eu fujo, fujo mesmo. Não, não me orgulho disso.
Se eu tenho um plano para 2012 é esse de levar as coisas com começo, meio e fim. E não é que eu tenha o hábito de não terminar as coisas. Sempre termino. Mas dificilmente me despeço delas, porque dá uma coisa ruim dizer adeus. Acontece que 2010 me ensinou uma coisa que 2011 continuou repetindo, como aquela professora que bate com a régua no quadro em cima do conteúdo mais importante: se despedir é importante, finalizar é imprescindível para as coisas que passaram nos darem a sensação de terem sido nossas.
Quando alguma coisa, ou alguém, subitamente desaparece, então esquece. Não fez parte da sua vida. Você pode até ter desejado, mas não teve a força suficiente pra vingar, fincar raízes, ficar. Ou seja, já era. Muita coisa aconteceu nesse ano, boa, ruim. Chorei bastante, trabalhei muito, continuei viajando. Fiz diferente do que achei que ia fazer. Mas terminei tudo. De verdade, a lista tá zerada. E eu só tenho mesmo a agradecer.