Qual é o preço que a gente paga quando decide entrar no conflito do outro? Acho que é o fato de não poder fazer nada a respeito, a não ser esperar. Mas esperar o quê, eu me pergunto. Não há o que esperar. Quando não há o que esperar, o melhor a se fazer é seguir, seguir com uma vida que de monótona não tem nada.
Pois é. Acho que, pela primeira, vez espero sem esperar. Isso é possível ou é contraditório? Acredito que é justamente pelo fato de ser contraditório que é possível. As melhores coisas que acontecem são sem querer, sem esperar, sem roer as unhas. Elas simplesmente se dão. Elas se dão para a gente vivê-las, e cabe a cada um aproveitar ou deixar pra lá, deixar pra lá por medo, por cautela, por falta de tempo ou energia.
Energia sim. É que custa um pouco da gente aceitar aquilo que se dá. Custa também um certo movimento. Cada coisa que acontece exige que a gente se movimente em torno dela. A gente pode se movimentar para fazer dela uma parte da nossa vida ou não. Mas o fato de ela ter se dado em algum momento, ter acontecido por algum tempo, se nos causou confusão, se nos tirou o sono, se nos fez questionar, isso implica que a gente se movimentou em torno dela.
Quando uma coisa se dá, independente se ela gera ou não conflito, a gente se posiciona. Às vezes, o nome dessa posição é recuo. E eu não acho isso ruim. Desde que tenha nome e desde que seja assumida, nenhuma posição pode ser questionada. Especialmente quando o conflito é o do outro.