Uma palavra me descreve: dramática. Esses dias ouvi que até meus sonhos são dramáticos, e olha, é verdade. Mas meus sonhos tem um drama diferente, um drama tão palpável, tão cotidiano, que poderiam estar em um filme de Almodóvar, olha a presunção.
Pois bem, numa dessas crises intensas de drama, acusei minha vida de monótona. Ousei, inclusive, dizer que no último ano e meio eu não havia seguido com ela. Como se as coisas que me cercam realmente estivessem no mesmo pé. E que mentira, algumas pessoas me lembraram. E enumeraram quantas coisas que fiz nesse tempo. E quantas coisas estão encaminhadas para acontecerem logo, ano que vem, se tudo der certo (quer dizer, se eu passar no doutorado).
Então, apesar eu reclamar por esporte, sim, eu sei que as coisas andam dando muito certo, e acho até feio me queixar porque nem sempre elas acontecem assim sem a gente fazer muito esforço. Mas, pensando bem, se eu digo que é "sem fazer muito esforço" eu também estou desvalorizando meus últimos 3 anos e tudo o que eu fiz e que ainda faço para que a minha vida comece (como se ela já não tivesse começado, vejam bem como eu tenho esse hábito de diminuir meus ganhos).
Sim, a vida começou. Durante um tempo, acho que o tempo que eu levei mais na estrada do que em lugar propriamente, eu tive a sensação de que ela esteve em stand by. Definição que anos atrás uma amiga me deu e que serviu. Era como se nada pudesse começar efetivamente enquanto eu corresse de um lado para o outro - e vejam, esse correr de um lado para o outro é literal. Mas pensando em tudo, essa condição já acabou faz tempo. E vou contar uma coisa que eu descobri esses dias atrás: é muito bom colher as coisas boas depois de cansaço, de sacrifício, de desgaste emocional, físico e financeiro. Dá uma impressão boa. Impressão de obsessivo, que pode riscar uma coisa do caderninho.
Então, não é que eu seja insatisfeita (imagina, eu?), mas eu tenho um pedido a fazer pro cosmos: eu quero que a minha vida afetiva volte a ser tão agitada quanto a vida profissional. Se isso for pedir muito, eu quero que tenha pelo menos um terço da agitação. Dizem os mensageiros da luz - hahaha - que a gente tem que tomar cuidado com o que pede. Mas é isso daí mesmo que eu quero: sair do tédio, nem que seja pra sofrer mais um pouquinho com amores não correspondidos.