Nesse meu blog falo sobre mim. E acho que faço isso tão direito que mesmo as pessoas que mais participam da minha vida (essas que sabem até dos detalhes sórdidos), vêm me perguntar a que eu me referia em grande parte dos meus posts.
Coloco aqui os meus pensamentos, sentimentos, sensações e minhas loucuras cerejas de bolo. Elas são muitas e imediatas. Do mesmo jeito que chegam, vão embora e deixam vestígios absurdos com os quais sou eu mesma quem tem que dar conta.
Não sei quantos leitores eu tenho, mas sei que a maioria me conhece e sabe tanto da minha vida que mesmo que eu nada escrevesse sobre meus problemas, eles eventualmente seriam discutidos em uma mesa de bar ou de jantar ou numa longa conversa pelo msn. É que eu tenho amigos com quem eu falo sobre meus problemas. E eles vivem me falando que eu sou louca, impaciente e meio demente. Venho ouvindo isso há muito tempo.
Outro dia, uma das minhas queridas compartilhou um texto de um blog que eu adorei. Para vocês terem uma idéia do quanto eu achei a coisa muito boa, li quase todo numa noite. Tava aqui sentada no meu sofá durante horas seguidas, sem tomar banho, sem comer, sem escovar os dentes, como se eu tivesse terminado um namoro de 15 anos, o que não é o caso, né? Mas daí num dos posts a querida Madame Cedilha escreve o seguinte:
"eu tenho mania de achar que qualquer coisa é o fim do mundo. que não tem mais jeito, não tem conserto. eu venho de histórias consertadas, histórias que provam que todo o meu sofrimento, algumas das vezes, não tem motivo. isso não invalida a sensação de fim de mundo. eu quebro, me parto em caquinhos, fico espalhada pelo chão."
Queridos meus, por favor, quando eu morrer, escrevam isso (no pretérito) na minha lápide. Então tá, sou exagerada, vivo metendo os pés pelas mãos e vivo falando sobre como meto os pés pelas mãos. Mas né que eu tenho todo direito de escrever sobre o que eu bem entender? Inclusive sobre assuntos repetidos? Também sempre falo de expectativas, não falo? E sobre o quanto as minhas são tão abusivas que vivem fodendo a minha vida. Falo das minhas urgências com tanta repetição que, né? Falo muito sobre as minhas queridas e sobre o quanto a vida não teria a menor graça se eu não as tivesse encontrado nessa vida, se eu não tivesse nascido irmã das minhas irmãs, filha dos meus pais e neta da minha avó.
E todas essas pessoas (e eu não preciso sair por aí dizendo nomes), cada uma delas é alguém na noite pra mim. Esse baile todo se diverte e se compadece das minhas lágrimas exasperadas de gente exagerada. Me ligam e escrevem e-mails fofos sobre a minha impulsividade. Me dão colo sempre que eu preciso. Gostam de mim por minha causa e apesar de mim. E desde que aprendi a cultivar os bons, não me decepcionei nunca mais.