Não acho nada bonito quando a angústia chega. Parece aquela pessoa que vai te visitar e em cada cômodo da sua casa deixa uma mala, uma roupa, uma forma de te lembrar que está ali e que, por isso, quando vai embora, deixa vestígios e nunca lembra de voltar buscar. É porque ela não trouxe tantas coisas porque precisava delas, ou porque ficaria muito tempo, mas porque não quer ser esquecida.
Angústia é assim, dorme e acorda junto, enche os sonhos, vai deixando pistas, resquícios. Como incomoda. Angústia tem muito a ver com o não saber, e esse não saber vai bem além daquilo que a gente pode obter com a resposta a uma pergunta. Mas não se trata disso, porque, se fosse, seria simples, eu perguntaria na lata: "Vem cá, me diz uma coisa, o que você quer? O que você não quer? É porque eu quero ter a opção de saltar desse barco antes que encha demais de água, tem jeito?".
Então, não sei se tem jeito, mas acho que não. Aí fico lembrando sobre paciência, sobre esperar o açúcar derreter, sobre como não resolve a situação quando me coloco no lugar de quem espera. Que falácia! Como se fosse possível não esperar algo das pessoas, das situações. Espero, claro que espero, só não sei por quanto tempo, só não sei a que custo.