Mi-nha mãe man-dou eu es-co-lher es-te da-qui.
Mas co-mo eu sou tei-mo-sa, eu vou es-co-lher es-te da-qui.
Toda menina que se preze cantou essa música um dia. E quando crescemos, nós menininhas continuamos cantando, de outro jeito, é verdade, para outras coisas, isso é certo. Mas continuamos escolhendo.
Não lembro quando foi a última vez que me senti como me sinto hoje. Angustiada define. Eu que aprendi a ser durona, a ter resposta pra tudo, a saber pra onde ir. De repente, não sei mais, e não é geograficamente que falo. Tô dizendo de não saber pra onde ir com meus sentimentos, com esse peito apertado, com essa vontade de saber e ao mesmo tempo com a sensação de que, nessas horas, paciência é uma grande amiga e conselheira.
Saber se esse sentimento é recíproco, se tem chances de ser mais do que meu, se posso dividir e se posso esgotá-lo é o que queria hoje. Eu achava mesmo que não ia me apaixonar de novo. Eu, tão exigente com tudo e com todos, de repente encontro uma pessoa que parece que apreende uma dimensão de mim que eu não sabia que ainda existia. Ou até sabia, mas que não queria, que não aceitava mais.
Falo dessa dimensão absurda de querer dividir, mesmo quando as "contingências" não permitem. E são justamente elas que me fazem dormir pensando que murro em ponta de faca é coisa de meninas bobas. E sou uma menina boba que gosta da atenção que recebe, que gosta das conversas, que gosta dessa companhia da qual não deveria, não poderia, não queria. Gosta.
Tô com muito medo de cair no limbo da amizade. Esse lugar, eu dispenso. Amigos tenho e eles têm me amparado nesse absurdo. O que eu quero agora é alguém que goste de mim. Porque eu também sou do tipo que gosta de quem gosta de mim.