Estou prestes a mudar de casa e de cidade. Não é a primeira vez que isso acontece mas é a primeira vez que vou com o pensamento que daqui para frente os caminhos vão levar a lugares menos familiares e por isso menos seguros. Quem me conhece sabe, gosto de coisas bonitas, bem arrumadas, fofas e cheias de subjetividade. Outro dia conversava com uma amiga e ela me disse não achar objetos particularmente bonitos, mas que poderia achar se eles combinassem com alguém e com o que foi feito dele. Casas são bonitas quando dizem algo sobre seus donos.
Por isso, vejo essa mudança como permanente. Não quero coisas genéricas. Quero objetos que vão fazer a minha casa do jeito que sempre quis. Uma casa que grite meu nome, dessas que quem me conhece bem diria que é minha mesmo que sem saber que é. Então, ando atrás de algumas coisas. Muitas encontrei aqui na minha casa. Como a estante de tv da primeira casa em que eu morei. Ou a banqueta da penteadeira da minha mãe, em que tantas vezes sentei quando era criança brincando com as bijuterias dela. Me achando a estrela de cinema com os brincos, colares e pulseiras. Minha mãe tem até hoje um lenço vermelho que eu amarrava na cabeça e depois me jogava num par de óculos escuros, como se estivesse prestes a andar de conversível.
Em casas de móveis usados encontrei uma
cadeira e um
criado-mudo Luiz XV. Vou comprar os dois,
restaurar, pintar, estofar com cores alegres, flores, enfim, e colocar no meu quarto junto com o guarda-roupa e escrivaninha de linhas retas e modernas. Comprei pela internet um adesivo de
galinha da angola lindo para colocar na geladeira. E estou atrás de
galinhas que quero colocar em cima da geladeira, como enfeite da minha pequena cozinha. Quando eu entrei no apartamento em que vou morar percebi que seria um lugar onde eu poderia começar essa vida. É esquisito pensar nessa mudança permanente. Mas até minha mãe já fala como uma ida sem volta, o que de certa forma me incentiva, conforta e em contrapartida dá um medo danado.
É esquisito pensar que vou montar a minha casa. Não vai ser um local temporário em que eu vou morar quando não estiver na casa dos meus pais. Mas agora, como uma libriana que se preze, eu quero que tudo seja perfeito, tudo arrumado e tudo bonito, do meu jeito. O que me faz pensar no carinho que eu tinha com a minha casa de bonecas e nas invencionisses que eu já fazia naquela época e que então já me tiravam muitas noites de sono. Não tenho dormido direito pensando em tudo que precisa ser feito para ficar ideal. Eu sei que vai levar uns meses para isso. Mas por enquanto tenho encontrado o que preciso.
Nessa busca, encontrei o blog da
Chris Campos e como me identifiquei e consegui encontrar dicas ideais. Encontrei ainda alguém muito sensível e posts cheios de pessoalidade, coisa que aprecio. Não é só um blog de decoração, mas uma forma de dividir um pouco de quem ela é com quem ela não conhece. E é exatamente isso que a gente faz quando convida pessoas para entrar em casa. Mostramos quem somos e nos tornamos vulneráveis. Termino o post emprestando dela as últimas palavras:
Casa arrumada, vocês sabem, é especialidade desta que vos fala. Mas é da desordem que surgem os melhores caminhos. Minha vida mesmo, agora, começa a ter novos caminhos. E foi preciso uma tremenda bagunça para que isso acontecesse. Enquanto a gente arruma o que está fora do lugar, enxerga outras possibilidades, vê as coisas com outros olhos, cresce, portanto. E é assim que deve ser. Viva a bagunça, sempre que for preciso. Mas não se esqueça de arrumar tudo de novo para crescer depois dela.