A questão não é se fazer de forte, nem fingir que está tudo bem. A questão é que não dá para viver pensando no que poderia ter sido ou em como era. Quando digo que estou bem, falo a verdade. Quando digo que sinto falta de muita coisa, também é verdade. Essas duas informações, no meu ponto de vista, não são incompatíveis.
Essa semana um paciente disse que o medo dele diz respeito aos fins dos ciclos e que a expressão máxima disso é a morte. Pois bem, difícil encontrar alguém que não tenha medo dos fins dos ciclos, mesmo tendo a certeza da necessidade do fim. Tive medo e durante muito tempo, mas quando consegui impedir que esse medo me dominasse, consegui sentir o alívio que a gente sente quando fez a escolha certa.
Só que ainda assim, as pessoas em volta não conseguem compreender o que passou. Claro que eu preciso de um tempo para me acostumar com o que está começando agora. A despeito do que qualquer um pensa, incluindo pessoas que estão ou que estiveram envolvidas na minha vida, sou eu quem decido quando e como vou recomeçar. E eu não vou permitir que nenhuma dívida emocional se intrometa nisso.
Eu tenho meus momentos de fraqueza. É porque eu sinto saudades do que foi importante. Eu tenho meus momentos de arrependimento. É porque eu sou humana, e por isso sou feita de incertezas. Eu tenho meus momentos de tristeza. É porque meu coração, apesar de mais duro, ainda bate forte. Eu tenho meus momentos de lágrimas. É porque às vezes elas são tudo o que me resta para dizer que caminhos diferentes foram tomados e que isso é bom.