Gasta-se muita energia nisso de agradar e responder às expectativas. Hoje penso que a diminuição das expectativas que eu tenho em relação aos outros tem a ver com o fato de eu ter cansado de tentar agradar a todos, de ser a que escuta, a que faz o que se espera, a que pode exigir muito, porque dá muito.
Hoje a doação é menor. Talvez essa tenha sido a maior mudança e a que mais choca, e que fez com que me estranhassem e não gostassem mais, ou gostassem menos de quem eu sou hoje, que não me conheçam mais.
Acho que foi uma questão de autopreservação, a maneira que usei para poder elaborar vários lutos que vieram de uma vez, de uma hora pra outra. Engraçado, a culpa, aquela que dominava até quando eu não atendia a expectativa de ser organizada, essa não me é tão companheira hoje em dia. Sem grandes culpas pelos 15 dias sem postar.
O maior problema das expectativas, e da vontade exagerada de agradar, é que essa é uma fórmula autoenganadora. Quando eu agrado, eu quero ser agradada, quando eu sou legal para os outros, quero que os outros sejam legais comigo. E uma das descobertas mais difíceis é que essa contrapartida pode não vir. Porque o outro é esse filhodaputa que faz o que quer, sente o que bem entende e fala o que deseja. Fora do nosso controle onipotente.
Só pra constar, esse controle onipotente, apesar de muito importante quando a gente é criancinha, e precisa mesmo acreditar nisso, ele nunca existiu. Foi importante, fez parte da sua vida, mas era uma ilusão. E nos emperra se continuamos presos nessa ilusão de que o outro vai fazer o que queremos, inclusive nos admirar.