Eu não deixo passar datas significativas em branco, mas não sou aquele tipo de namorada que consegue pensar em mil surpresas, que faz de todo presente um evento, que escreve cartas, bilhetes, músicas, poemas. Mas isso ele já sabe e não espera por isso.
Também sei que ele nunca vai mandar um avião despejar pétalas de rosas sobre a minha casa e uma equipe de serenata nunca vai aparecer no meu jardim. E eu não espero por isso, nem pelas cartas e bilhetes. E é por não esperar que ele consegue me surpreender quando faz isso.
Nesses dois anos, aprendi muita coisa. Mas até agora o aprendizado mais difícil e que tem consumido mais energia é a espera. A longa espera entre os meses que nos separam, porque as coisas entre nós dois nunca foram fáceis. Talvez, romântica como eu sou, eu tenha preferido um romance épico, desses que se faz com palavras bonitas de carinho e saudades. Acho que isso eu ensinei a ele, a importância de dizer as coisas, de colocar em palavras os sentimentos, e se podemos considerar essas pequenas dádivas como nosso presente de dois anos de aniversário, preciso contar o que ele me deu.
Ele me deu incentivos, crédito, abraços incontáveis. Ele me fez pensar sobre o quanto eu posso ser dominadora e ciumenta. Ele me deu limites (esses que toda criança mimada precisa), a palavra, a compreensão. Ele me deu telefonemas surpresa, a companhia que se completa sem palavras. Ele me deu sono tranquilo, profundo e recompensador. Ele me deu carinho, amizade e amor.