Essa vida de pessoa que viaja de ônibus todas as semanas me proporciona identificar de longe alguns personagens. Um dos mais detestáveis (minha opinião) é o farofeiro, que só não perde para o roncador.
É muito simples identificar um farofeiro, basta observar a plataforma de embarque. Normalmente ele carrega muita coisa, a mala, se houver mala e não montes de sacolas, é daquelas que parecem uma geladeira. Eles são folgados ao extremo porque não interessa se você está ali, parado esperando a sua vez para entrar no ônibus, depois de terem despachado a mudança, eles se enfiam na sua frente, sem nem olhar e vão entrando.
Com olhos apertados, procuram a poltrona e quando encontram, cuide-se se você estiver sentado em frente, porque é inevitável: eles vão se pendurar no seu encosto, e na hora de baixar o suporte para os pés, vão dar pancadas e pontapés nas suas costas e te incomodar por pelo menos meia hora, até se ajeitarem, isso se não ficarem todo o percurso com os pés ali, numa atitude de muita boa educação.
Se estas dicas não forem suficientes, o observador mais relapso não pode deixar escapar a pista perfeita: na hora da parada, mesmo que esta seja de 30 minutos, o que é tempo suficiente para comer pelo menos umas cinco coxinhas, eles sempre vão trazer a dita cuja para dentro do ônibus, que vai ficar empesteado com aquele cheiro rançoso de gordura velha e frango desfiado. Agradeça se a escolha for a coxinha, porque se sua viagem for durante o dia, e a parada acontecer na hora do almoço, uma marmita SEMPRE aparece.
No fim das contas, é melhor sentar nas poltronas perto de banheiro, porque os farofeiros preferem as poltronas da frente. Fica a dica.