Eu pensava que a depressão que acompanhava o mês de dezembro tinha a ver com a minha mãe reclamando das lojas e do supermercado cheio, da rua sem lugar pra estacionar, do consumismo, da falta de espírito natalino. Aí, quando eu tinha 14 anos, passei meu primeiro natal fora. Saímos do Brasil dia 22/12 e voltamos na metade de janeiro mais ou menos.
Minha ceia do dia 24 foi uma pizza ruim na calçada de um restaurante em Mendoza. Eu não ganhei presentes, com exceção do amigo secreto. Peguei o motorista número 2 e quem me pegou foi uma menina com quem eu não falo há anos. Chorei muito aquele dia. Não conseguia ligar pra casa, meus pais estavam viajando também, enfim, foi triste.
Esse ano passei novamente o natal fora. E apesar de estar bem longe de casa, de não ter que me preocupar com nada, eu percebi que fico triste em qualquer lugar nessa época do ano e quero que acabe rápido. A viagem foi muito boa, foi ótima, mas o que eu sinto nas festas do dia 24 e do dia 31 foi a mesma coisa: vontade que acabe logo.
Se eu fosse fazer um balanço de 2008, diria que foi um ano de stand by. Minha vida ficou em banho-maria. Em 2009, acredito que será melhor, porque meus anos ímpares sempre são melhores que os pares. Espero arrumar mais um emprego, porque o que eu tenho não me sustenta, espero estar mais perto das minhas amigas, porque me afastei delas até para não ter que falar das minhas tristezas, e espero conseguir guardar dinheiro para fazer uma viagem tão boa quanto eu e o João fizemos nesse fim de ano.
Mas sobre a viagem, eu escrevo depois...Não dá pra misturar a melancolia do fim/começo de ano com Machu Picchu, não mesmo.