Hoje ouvi alguém dizer uma frase bem incoerente: "Tô caída, mas tô tranquila".
Uma baita contradição. Mas acho que não. Não que essa seja uma verdade absoluta mas é a minha verdade; vale para a minha vida nesse momento que eu escrevo, e ninguém aqui está dizendo que valerá para todos ou que valerá para mim amanhã.
Essa coisa de ser incoerente é típico de quem está apaixonado. Eu já desencanei dessa história de dizer que estou apaixonada e já me declaro apaixonada como um estado da insustentável leveza do meu ser. Às vezes me revolto. Juro que sinto ímpetos de voltar pra um tempo em que azar era perder um dente comendo um x-salada.
Quando estamos apaixonados azar vai beeem além. É muito mais que um bad hair day. Azar é não ser correspondida. Azar podem ser quilômetros que nos separam. Pode ser torcer pro grêmio e amar um colorado. Enfim...
Um doz meu azares...Talvez traria menos azar usar o termo desventura, enfim, uma das minhas desventuras é a distância. Mas tudo bem porque essa a gente trata de resolver com cumplicidade e palavras. Os que se amam precisam saber se valer das palavras.
Os apaixonados não. Eles valem-se da efusividade. Num período de recesso em que minha paixão estava guardadinha, eu conseguia estar tranquila, mas tão tranquila a ponto de começar o dia rindo e terminar da mesma forma. Mas pra histérica sempre falta alguma coisa... E agora, quando eu achei que não faltaria mais, que bonito engano: Eu estou caída, mas tranquila. Essa tranquilidade que só um copo de suco de morango com guaraná é capaz de trazer pra gente.