"Satori significa entender, em japonês. É uma iluminação, uma expansão da consciência".
É a sensação de que por um instante, uma fração de segundo o tempo pára. Essa fração de segundo é sentida como se fosse uma eternidade, porque é o tempo suficiente para que se entenda tudo o que precisa ser entendido. Há três anos eu vivi um. Eu sei que essa história é velha e pode ter perdido a graça, mas para mim não. No último post, eu falava sobre a beleza das pequenas coisas e do quanto eu as valorizo, acho que comecei a fazer isso há três anos.
Naquele dia, lembro bem, eu esperava uma amiga pegar uma cerveja, meu copo cheio, e eu com a mão levantada, a borda do copo encostada no rosto, um gesto tão típico meu quanto mexericar no colar enquanto eu converso. Ele passou numa animação típica de quem sai com os amigos. Eu hesitei para cumprimentar, afinal, até ali, os outros encontros haviam sido tão inusitados. Mas ele parou, me olhou, eu olhei, abaixei rápido a mão, porque naquele instante em que tudo parecia parado eu entendi. Mal sabia eu que depois dali, tudo o que aconteceu foi um prolongamento daquele momento, o momento em que minha consciência se expandiu, e eu entendi o que tava faltando.
Se várias pequenas coisas não tivessem acontecido muitos meses antes, o satori não teria acontecido. E depois disso, eu consegui ver como se alinhavam pelo menos algumas delas, me levando na direção de tudo. Talvez a sensação de estranheza que eu senti na primeira vez que o vi, o receio que tomou conta, tenham sido os primeiros indícios da grandiosidade do que me aguardava. Naquele dia, eu fiz uma escolha. E eu continuo confirmando essa escolha.
Olha só onde eu fui amarrar a minha mula...