Nos últimos dias antes da formatura, parei e vi. Vi gente, prédios, a cidade, a UEM. Adorava passar de carro no fim da tarde, quando as pessoas que passaram o dia lá estavam indo embora e as que passariam a noite, chegavam. Era bonito. Maringá é muito bonita e isso vai além das árvores e ruas planejadas. É o lugar com o pôr-do-sol mais alaranjado que eu já vi. É o lugar em que você sente as estações do ano passando pela quantidade de gente que fica na parte descoberta do bar. Gosto tanto que, pra mim, mesmo debaixo de um temporal ela é linda.
No ano passado, caiu um dos feios. Eu tirei uma foto para mostrar como o céu ficou lindo e assustadoramente vermelho. A terra subiu com o vento e provocou um dos efeitos mais fabulosos que eu já vi. Gosto tanto desses paradoxos: como a força da natureza pode ser duas coisas tão grandiosas, violenta e maravilhosa.
Assim é o amor que eu sinto pelos anos que eu passei lá. Quando me lembro, um turbilhão tão arrasador quanto aquele céu vermelho de poeira se forma dentro de mim. (e ouço gritos parecidos com os das pessoas explodindo no meu peito). A vontade de voltar correndo é grande. Essa semana eu experimentei Maringá sem a UEM. É esquisito, mas descobri que ainda vale à pena. É gostoso sentir o calor, tomar capuccino gelado e passear pelas lojinhas. É gostoso sentar no bar e tomar cerveja na mesa da calçada e encontrar conhecidos que param e conversam com você. É ótimo reencontrar partes do meu coração que deixei espalhadas em alguns lugares do mundo.
Uma grande ficou em Buenos Aires, a cada dia que passa, me convenço que não poderia ter deixado em melhores mãos. Outra enorme ficou em Maringá. Eu já comecei a deixar outro pedaço em São Paulo. Sempre fui assim, de me apaixonar pela pessoas e os lugares. Dói bastante, assim como dói para uma mãe quando o filho nasce. Essa é uma culpa que ela carrega pra sempre. Quem é capaz de entregar um bebê a isso tudo que a gente vê?! A dor que eu carrego é parecida. Como entregar tanto amor assim?
Penso que é a única maneira de viver. É quando a gente descobre que conhecer é dizer adeus, inevitavelmente:
E assim chegar e partir são só dois lados da mesma viagem.
O trem que chega é o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação é a vida.