Quando decidiu-se que o destino para o almoço de sábado seria a Liberdade, uma das meninas disse que ia aproveitar para comprar um pincel. O estranho foi eu ter respondido que eu também queria um.
Vou escrever sobre pincéis num fim de semana de encontros e desencontros. Encontros com o que resta na lembrança de uma época em muitas coisas eram aceitáveis. Hoje não são mais.
Por exemplo: foi embora, por exemplo, a noção de que maquiagem da Avon e da Natura eram aceitáveis. Já faz uns tempos que os blogs têm me ensinado a falha minha nessa loucura que é acompanhar a miscelânea de informação.
O que eu não sabia, era que eu ia me angustiar de tal modo em uma loja em que uma parede inteira forrada com pincéis representa para mim o desconhecido dos desconhecidos. Eu não sei para que eles servem, como lidar com eles e do que são feitos. Muito menos, sei porque eles custam tão caro. Mas eles custam. Tanto, que chegaram a me dizer que o pincel que eu encontrasse em uma loja na Liberdade não seria o ideal.
Mas aí eu me pergunto o seguinte. Que ideal é esse sobre pincéis? Por que já foi aceitável as pessoas se maquiarem usando esponjas? O que aconteceu no mundo nesse ínterim? Resumindo: o que precedeu o momento em que, quando uma amiga diz que quer comprar um pincel, eu respondo que também preciso de um?
Tudo isso é muito confuso para mim. Eu que escrevo sobre as minhas bobagens, angústias. Sobre minhas amigas, minha família, meu trabalho. De repente as minhas pessoas, essas com quem eu converso, cito e bebo cerveja, elas também precisam de pincéis.
Tem muita coisa para acompanhar. Eu que gosto de blogs diários e de decoração, não consigo acompanhar blogs sobre moda, looks do dia, esmaltes e maquiagens. Estou é me sentindo impotente.
Não dou conta dessa miscelânea e sei que não preciso. Ninguém é obrigado. Mas quando eu me angustio com uma parede cheia de pincéis, só posso pensar que existe uma boa razão para essa necessidade se apresentar. Minha angústia é a de ser incapaz de abraçar isso tudo. E de querer mesmo abraçar tudo. Isso, eu sei que é meu. O mundo oferece a miscelânea. A gente faz com ela o que pode.