a dona desse blog
é de uma teimosia absurda. além de ser psicóloga, é leitora, aspirante à escritora, filha, irmã, tia e amiga, é indecisa por natureza, não sabe fazer planos e deixa sua vida ser dominada por uma ansiedade que ela sempre achou que disfarçava bem. acha que todo dia é ideal pra questionar se suas ações estão certas, se está sendo justa consigo, se faz o que gosta (e por enquanto faz). é uma dessas pessoas que gosta da solidão da própria companhia mas não dispensa uma cervejinha com aquelas pessoas que sabem conversar, de preferência em um boteco bem boteco, porque estes servem as mais geladas.

livejournal
orkut
lastfm
twitter
facebook

links
ficadica
lentes coloridas
música de elevador
felicidade plástica
te amo, porra
um solilóquio
assopra tu
fuxicando sobre artes
luckyscars
e a vida, etc.
tofu studio
pipoca com cerveja
don't hesitate to hate
casa da chris
fina flor
fingindo dores
das minhas cores
que besteira
clarissa lamega
circulando por curitiba
terra da garo(t)a
just roll the dice
tantos clichês
I misbehave
vai melhorar, eu juro
superoito
sem pickles
um conto para narciso


passado
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
outubro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
abril 2010
maio 2010
junho 2010
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
outubro 2010
novembro 2010
dezembro 2010
janeiro 2011
fevereiro 2011
março 2011
abril 2011
maio 2011
junho 2011
julho 2011
agosto 2011
setembro 2011
outubro 2011
novembro 2011
dezembro 2011
janeiro 2012
fevereiro 2012
março 2012
abril 2012
maio 2012
junho 2012
julho 2012
novembro 2012
janeiro 2013
fevereiro 2013
março 2013
abril 2013
junho 2013
agosto 2013
setembro 2013
outubro 2013
novembro 2013
dezembro 2013
fevereiro 2014



  quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Sobre de onde vem a dor


Outro dia ouvi por acaso no rádio uma música que eu gostava e que não ouvia há muito tempo. Não dei muita bola, mas uma das frases chamou a minha atenção: "E toda dor vem do desejo de não sentirmos dor". Em nem gosto de Renato Russo, nunca gostei de Legião Urbana e se tiver alguém para reclamar, gosto menos ainda de fãs exaltados de qualquer banda, mas simpatizo com algumas músicas isoladas de alguns artistas, e essa é uma dessas exceções.

Minha dissertação do mestrado tem a ver com dor e tem a ver com sofrimento. Mais ainda, tem a ver com as formas que a gente usa para evitar essas duas coisas e que acabam sendo um péssimo negócio. Tem vezes na vida que a forma que a gente encontra para se defender é um tiro no pé. A minha dissertação também tem a ver com diversas formas que prometem "exterminar" um sofrimento ou nos "elevar" a alguma condição "ideal" (mesmo que esse ideal nem seja o nosso). Um pouco mais além eu vou falar sobre a importância de ouvir essas dores que chegam para que não sintamos outras dores. Na verdade, eu quero falar sobre a importância dessas dores primeiras, essas que nos fizeram recorrer às tais defesas. Enfim, falo da possibilidade de a gente assumir algumas coisas, falo de responsabilidade, mas também falo da autonomia que a responsabilização permite: falo aqui de desejo.

É tão engraçado estudar, escrever e especialmente falar sobre dores num momento em que sinto uma dor constante. Uma ferida aberta, eu diria. Eu juro que sinto vergonha por algumas coisas que foram ditas. Fico lembrando de conversas que não existiram e tentando encontrar o prumo, e pensar no momento em que se perdeu o que não tinha. Todo mundo tem seu(s) sofrimento(s). Isso não faz da psicanálise apegada a um niilismo, pelo contrário, a psicanálise ajuda a gente a lutar contra esses sofrimentos, a buscar os nossos próprios ideais.

Volta e meia acontecem determinadas situações que tiram a gente da rota. Da minha, eu costumo sair sempre que existem silêncios barulhentos. Sempre que as palavras não são feitas para dizer. Isso me aflige de tal maneira que faz dias que normal é aquela sensação de peito apertado, aquela sensação que provoca uma dor de fato, dor física, dor afetiva. Quem já sentiu sabe. Enquanto isso, escrevo sobre dor.

Mas mais do que isso, escrevo sobre a importância dessas dores, e a condição que a gente tem de chegar ao fundo delas e a partir disso construir alguma coisa boa. Fico pensando que somos como cidades enterradas. Quando as ruínas são encontradas encontram também os cemitérios, os resquícios de belezas que existiram. Quando essas ruínas são descobertas, ficam abertas. Mas elas nunca serão inteiramente decifradas. E outras catacumbas vão aparecer ora ou outra. E tudo bem.

Quase toda dor vem daquilo que a gente não sabe. Essa que eu sigo vivendo também vem. E por isso que ela dói tanto. Porque tudo que eu quero agora é uma palavra que diga.

[ 2 Comentários]
eXTReMe Tracker