
Não é sempre que acontece, por isso, melhor não perder de vista aquele momento em que tudo parece certo, quando a escolha traz alívio, alívio por ter entrado no melhor caminho, quando muitos apareceram.
Mudança pronta, casa arrumada, tudo no lugar, do meu jeito, bonito. Tenho quadros e fotos nas paredes, tenho um vaso de hortênsia que ganhei da minha mãe, que veio pra cá conhecer minha casa. Ela, que é de poucas palavras, antes de ir embora disse que gostou de ter vindo. E acho que foi porque ela percebeu que eu estou bem, feliz, tranqüila.
Tranqüilidade. Sempre achei que é uma dessas sensações que não dá pra desperdiçar. Porque de repente vem um vento e leva embora aquilo que hoje faz sentido. Me sinto bem. Feliz por poder bancar meu desejo. Por me sentir bem em estar aqui sozinha sem me sentir sozinha. Tem a ver com a capacidade de aproveitar minha companhia, organizar meu tempo, separar meia hora na semana pra fazer as unhas e me alimentar bem. Estas tem sido minhas prioridades.
Sinto saudades das minhas amigas. Sinto saudades de casa, da casa dos meus pais, que sempre vai ser minha casa. Mas confesso, tenho sentido falta de casualidade, de dar risada, de boteco, de conversa fiada. Preciso dessas coisas, mas tenho paciência, paciência de esperar os laços se firmarem por aqui para que elas passem a acontecer naturalmente.
Enquanto isso, levanto cedo, tomo café da manhã (o que é uma novidade), trabalho, almoço bem, tomo café da tarde e janto. Leio coisas do mestrado, escrevo trabalhos, preparo apresentações, durmo muito bem. Quando eu chego em casa à tarde, de tão cansada, me enfio embaixo do chuveiro e lavo a alma, porque é isso que a gente faz quando toma a decisão certa.