a dona desse blog
é de uma teimosia absurda. além de ser psicóloga, é leitora, aspirante à escritora, filha, irmã, tia e amiga, é indecisa por natureza, não sabe fazer planos e deixa sua vida ser dominada por uma ansiedade que ela sempre achou que disfarçava bem. acha que todo dia é ideal pra questionar se suas ações estão certas, se está sendo justa consigo, se faz o que gosta (e por enquanto faz). é uma dessas pessoas que gosta da solidão da própria companhia mas não dispensa uma cervejinha com aquelas pessoas que sabem conversar, de preferência em um boteco bem boteco, porque estes servem as mais geladas.

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  segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Sobre surpresas

E a vida segue. E eu, humana que sou, continuo me surpreendendo mais com seus maus aspectos do que com os bons. Nunca deixo de me surpreender com a falta, enquanto é fácil com que a presença passe sem que eu a note.

Não canso de me surpreender com o fato maluco de que, se antes as pessoas estavam ali, em um lugar onde podiam ser encontradas, de repente não estão mais. E quando algo ruim acontece, é um grande baque compreender que enxugar as lágrimas, vestir o sorriso e uma roupa bonita  é o que resta de você.

Mas, será que é mesmo? 

É verdade que a vida parece injusta, vez ou outra, mas e quanto às injustiças que a gente pratica com ela? 

Talvez seja questão de olhar e enxergar que sim, você não teve o abraço que queria quando aquilo que era tão ruim te aconteceu. Mas você teve outros dez abraços, senão mais.  Você teve passeio na praça, comida compartilhada. Você teve conversas que curaram parte das feridas, dessas conversas que te mostram que ainda existem coisas boas ali dentro, mesmo que você pareça esvaziado de si.

Você teve refeições que serviram como um abraço que você ganha com todo o amor. Você enfeitou seu dia com várias alegrias e sorrisos abertos. Você recebeu um e-mail, dois, três, quatro, cinco, vários. Um telefonema, dois, três, quatro, cinco, vários.

Mas aí vem a compreensão. Se não me surpreendo com todos esses que estendem a mão com delicadeza em minha direção é que o fato de com eles eu poder contar está consumado. É que com eles eu sempre pude, sempre vou. Não me surpreende porque, por mais que haja incertezas sobre as quais desmorono, existem as mãos que me puxam, debaixo do monte de sentimentos ruins. Como bombeiros que encontram vida nos escombros. Mãos que formam correntes imaginárias de afeto, de bom dia e de boa noite, de oração e de delicadeza. Correntes que ajudam os  passos a voltarem a ser firmes.

Passos firmes e alma leve. Um não serve de nada sem o outro.

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  segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Sobre cicatrizes

Nunca é difícil quando as pessoas que nunca estiveram, de repente estão. O contrário não é assim. Mais difícil do que lidar com um adeus é ter que encarar o fato que ali agora resta um vazio. Uma clareira.

Sabe, não é a primeira vez que esse vazio se abre. Mas saber disso não torna mais fácil, só ajuda conhecer o processo. Processo que começa com imensa desolação. Será que eu vou dar conta? Será que vou acostumar com a ausência? Será?

Insira nesta lista uma infinidade de 'serás'. Todos inúteis para um coração que se aperta com um mínimo reconhecimento de que o mundo gira, a despeito dessas dores inúteis, as da alma.

Eu choro. E não choro acreditando que isso passe. Choro porque cada despedida marca o fim de um companheirismo diferente. É uma feridinha que se abre e fecha. Mas quando ela fechar, a pele não vai ficar igual era antes. Depende da profundidade do corte. 

Às vezes,  exige pontos, deixa cicatrizes mesmo. E quando essa cicatriz se transforma em um queloide, é sinal que o tranco não foi pequeno. Às vezes, fecha sozinha, mas deixa  um buraco. Uma região da pele que afunda.  Você sente a marca quando passa o dedo e às vezes algum desavisado pergunta a respeito. Nessas situações, a gente conta a história do tombo. Pode até rir e dizer que não lembra se doeu ou não.

Mas o esfolado pode ser leve e, depois de cicatrizar, só ficar uma mancha branca que se você cuidar direitinho, com o tempo vai sair de vez. Pode parecer que esse é o melhor tipo de cicatriz. Mas eu não concordo. Que graça tem não lembrar dos tombos? Eu espero de verdade que dessa minha dor aqui, dessa feridinha que eu mesma ajudo a cutucar hora ou outra, reste alguma coisa. É porque o tamanho do tombo indica o quão alto a gente foi. E eu me orgulho bastante desse meu jeito destemido de subir. 

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  sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Sobre desastres

Ontem foi o dia em que meu passarinho voltou para o lugar dele. Eu que costumo ser inflexível, dura e exigente, mudei de lugar em casa uma coisa que, realmente, eu achava que ficava melhor ali. Mas é que se ele ficasse ali, ele iria quebrar e não seria culpa de ninguém. É que algumas pessoas não sabem direito o que fazer com as mãos e volta e meia derrubam as coisas. 

Ninguém é desastrado porque quer. Parece que o corpo, braços, mãos, pés e pernas se movem antes, quase que num movimento de autonomia. Eu não sou desastrada. Eu sou cuidadosa, e por ser cuidadosa, me antecipo sempre.

Mas eu também sou controladora. E sempre quis, embora sem sucesso controlar algumas coisas. Nunca consegui controlar nem meus sentimentos e nem as minhas lágrimas. Os dois brotam e pronto. Nem me ouvem. Seria legal não chorar mais. Cortar o canal lacrimal para que as lágrimas escoem junto com o xixi. Seria ótimo ninguém perceber que a gente chora, que a gente sofre, que a gente é menos fodão do que gostaria de parecer.

Pois é. Em alguns momentos eu acho que seria. Mas aí eu penso que essa coisa toda de as lágrimas não estarem sob controle, e nem meus sentimentos, é uma brincadeirinha do destinho. Uma pegadinha para a control freak que eu sou. Quando eu entendi isso, entendi que colocar de lado alguma expectativas e cagações de regras quanto a quem eu quero perto de mim, era bom. Entendi que eu poderia mudar meus enfeites de lugar e muitas outras coisas. 

E, quase ao mesmo tempo em que entendi isso, me vi podendo recolocar meus enfeites onde quer que eu quisesse, porque eles não correm mais o risco de irem ao chão. Muitos dos meus enfeites mudariam de lugar. Mas o coração sempre fica desprotegido. Volúvel aos desastres. E não há o que fazer nem o que dizer. Se não tem remédio, remedia-se por si só. Eu tirei o passarinho e evitei que ele fosse quebrado. Mas o coração eu não podia tirar, ele ficou ali e poderia quebrar desde sempre. Quebrou. E não pode ser culpa de ninguém.

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  domingo, 4 de novembro de 2012
Sobre o excesso

Ontem ouvi uma história que me deixou me deixou pensando sobre o excesso. E dentre os excessos, aquele que mais toma conta, desde que somos muito pequenos, é o da satisfação.

Uma das coisas que eu mais me preocupo em transmitir  ao (tentar) ensinar qualquer coisa a respeito do humano, é que para ser, antes é preciso tornar-se. E esse processo de tornar-se humano é lento, não acontece da noite para o dia e implica que a gente tenha por perto pessoas capazes de nos ensinar alguma coisa a respeito. E essas pessoas a gente chama de pais. E para ser pai, todo mundo sabe que não basta ter gerado, mas é essencial que se vista a função. Função que demanda uma capacidade que é das mais difíceis: ensinar a deixar de lado um pouco de si, a não satisfazer-se, a inquietar-se sem que essa inquietação se apague. 

Freudiana que sou, acredito firmemente que existe um preço para a humanidade. Se ele é justo ou não, cabe a cada um responder se o laço que fazemos vale o sacrifício. Essa função de pai e mãe representa os olhos, os primeiros pelos quais uma criança enxerga o mundo. Essa função representa também os braços que contêm a raiva de uma criança que chega cheia de desejos e que nem pensa em contê-los. Essa função representa a voz que ensina que é preciso ouvir e reconhecer o outro. Essa função que ensina que há situações difíceis e que, nem sempre, vamos conseguir acabar com a origem do mal que nos atinge.

Por ser esta uma função tão complexa é que penso que deveria ser assumida com um cuidado maior do que é. E que se deva questionar se a posição de um pai ou de uma mãe seja a de fazer com que seu filho acredite que ele é a melhor pessoa que há no mundo. Esquisita parece uma relação que se baseia em ignorar as falhas que podem ser de caráter ou apenas de ignorância, aquelas que o crescimento sempre traz junto. 

Por isso, me entristece quando um pai ou uma mãe, diante de um filho que oprime uma criança, o filho do  outro, se regojiza. Não ensina o respeito, não ensina a humildade, mas enaltece o papel da tirania. Essa tirania que, exercida dentro da escola, certamente também domina a casa. E se a gente olhar bem de perto, quando um pai e uma mãe são incapazes de reconhecer as falhas, é porque essas falhas os atingem de forma muito intensa e os fazem se deparar com as próprias falhas, aquelas advindas desse desejo louco pelos excessos. 

Seria questionável o excesso de amor? É amor o sentimento que domina a ignorância pela falha de um filho?

Pode ser. Mas um tipo de amor que não se relaciona ao amor pelo filho, amor pelo outro. Mas ao próprio narcisismo. Uma forma de amor que, em excesso, danifica quem mais estiver pela frente.

À menininha da história que eu ouvi ontem, deixo uma frase que uma vez uma amiga querida, escrevendo sobre este assunto, encontrou:

"A uma certa altura da vida, provavelmente quando tiver passado boa parte dela, você abrirá os olhos e se verá por aquilo que é, especialmente, por tudo o que a tornou diferente das chatices das pessoas normais. E você dirá a si mesma: 'Eu sou esta pessoa'. E aí, nessa afirmativa, haverá uma espécie de amor" (do filme 'A menina no país das maravilhas').


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