Tava aqui pensando sobre esse ano de 2011 e o sobre o que escrever nesses últimos dias dele. Ainda hoje vou viajar e pretendo ficar longe disso tudo que não é de verdade até a volta, no ano que vem. Lembrei hoje de uma história em que a Mônica foi se despedir do Cascão e ele ficou muito assustado quando ela disse: "Até o ano ano que vem." Desesperado, ele correu para o Cebolinha dizendo que eles precisavam fazer alguma coisa, porque a Mônica ia viajar e só voltava no ano que vem.
Outro dia, eu tava explicando ao meu sobrinho porque a piscina do clube não abriria. Eu disse a ele que era o dia em que os funcionários fariam uma confraternização. Falei isso tão no piloto automático que não percebi que uma criança de 4 anos não saberia o que é uma confraternização. Aí eu expliquei que era uma festa, um encontro entre as pessoas que trabalhavam ali e que servia para comemorar o fim do ano. Daí eu percebi que, pra ele, essa noção de ano novo e ano velho ainda é uma abstração muito complicada, porque foi bem difícil explicar que o ano tem meses, semanas e dias e que existe um calendário que define isso.
Acho que uma parte importante da rotina da pré-escola é isso de, todos os dias, a professora escrever o dia, o mês, o ano e dia da semana. É porque se é tão difícil para a gente, que é crescido, abstrair que, de repente (e bota de repente nisso), muda o ano e a gente tem que começar a pensar em novos planos e objetivos, imagine para uma criança pequena! Isso não deve fazer o menor sentido. Com a minha sobrinha mais velha a gente tentava explicar a passagem do tempo com o número de 'dormidas' até o evento que ela tava esperando. Lembro que, com uns dois anos, a gente falou um dia que o aniversário dela estava chegando. Ela foi para a janela e ficou ali, parada, olhando para fora. Quando perguntamos o que ela fazia ali, a resposta era que esperava o aniversário chegar.
A impressão que eu tenho no fim de ano é exatamente essa: um bando de adultos parados na janela esperando que alguma coisa saia da abstração e se concretize. Chega a ser engraçado o quanto a gente cresce mas continua sem crescer. Continua 'acreditante', se é que existe essa palavra, que o ano novo é alguma coisa que pode chegar e mudar vidas. Mas como ele não se solidifica, ao contrário, continua sendo uma abstração, as resoluções são difíceis de serem cumpridas.
Eu sou dessas que faz tudo que é mandinga de ano novo. Como quase todo mundo, nunca lembro dos pedidos que fiz. Por isso, esse ano, ainda que isso possa dar um azar danado (olha eu acreditando em olho gordo, mas pra quem faz mandinga, né...) vou deixar aqui registrados os únicos dois pedidos para 2012 (além de saúde, dinheiro e felicidade, que são de praxe) que eu consigo pensar num fim de ano que eu não tenho nada para reclamar:
1. Passar no doutorado (2012, posso ser um pouco exigente e pedir que seja, de preferência, no Rio?)
2. Encontrar um amor de verdade, correspondido, apaixonante, inquietador e sossegador de coração (tudo ao mesmo tempo, por favor).
Apesar de eu estar aqui fazendo de conta que eu estou pedindo pra 2012, sei muito bem que para quem eu realmente peço é para aquela versão de mim que espera na janela o ano novo chegar. Essa parte que tem esperança e que acredita em coisas mágicas.